Seminário de Educação Infantil 1

Seminário de Educação Infantil discute o poder das relações humanas para bebês e crianças

Em sua 11ª edição, evento da entidade filantrópica Pró-Saúde abordou principalmente como as atitudes e falas dos adultos influenciam diretamente no processo de aprendizagem de bebês e crianças

Entre os estudiosos, há praticamente um consenso que a infância é moldada pelo aprendizado contínuo da criança. Ou seja, ser criança é aprender diariamente. Mas, para Leila Oliveira, uma das mais respeitadas especialistas em educação infantil e abordagem Pikler, esse entendimento vai além.

Ela defende, por exemplo, a tese de que o modo como os adultos agem exerce um impacto poderoso no aprendizado infantil. “As crianças observam atentamente o que os adultos fazem e compreendem essa relação como um todo — os gestos, as falas e os procedimentos”, afirma.

Por isso, Leila lançou questionamentos provocativos para o público que acompanhava sua palestra “Os princípios de Emmi Pikler: para pensar a relação entre adultos, bebês e crianças pequenas e a saúde”, durante a 11ª edição do Seminário de Educação Infantil da Pró-Saúde, entidade filantrópica responsável pela gestão de quatro centros de educação infantil, localizados na zona leste da capital paulista.

Considerando que o adulto é espelho para o aprendizado infantil, a estudiosa perguntou durante a live com os educadores: “O que em mim é digno de ser imitado? O que nas minhas relações, eu quero que transpareça e que as crianças imitem?”.

Segundo ela, todas as modificações acontecem por causa das relações e as crianças querem participar o tempo todo. “Elas são ativas na relação e querem cooperar de alguma forma”, explica.

Outro ponto de destaque abordado durante a palestra é a fala, item fundamental na primeira etapa da vida. “Ao invés de ser punitiva ou interruptiva, a fala com as crianças deve ser descritiva. Precisamos pensar como falamos com elas e trabalhar isso no cotidiano”.

Isso porque, de acordo com a especialista, as falas interruptivas “cortam” as sinapses realizadas no momento da ação, prejudicando o aprendizado. “O ideal é acompanhar e estar disponível para apoiá-la caso seja necessário, permitindo que ela alcance a sua meta sozinha”, ressalta.

Seminário de Educação

O evento, que aconteceu nos dias 8 e 9 de novembro em ambiente digital, teve como tema ‘Infância que inspira: a arte de construir relações’. “O objetivo é inspirar as pessoas. Isso é fundamental para o processo de formação e aperfeiçoamento profissional”, destacou Tais Lopes, pedagoga e analista de Filantropia da Pró-Saúde, que mediou o encontro.

Tino de Lucca, músico e educador, também abordou a questão das relações humanas. “Elas são basicamente troca. Cada um oferece o que tem, e toma para si o que precisa”, declara entre as apresentações musicais que deram brilho à primeira noite do Seminário.

Em sua palestra, o psicólogo Valdemir Caetano, reitera a influência que os atos dos adultos exercem sobre o desenvolvimento infantil. “Crianças aprendem com o que veem, ouvem e sentem. Educadores e pais ensinam mais com seus exemplos pessoais”.

O profissional abordou ainda os efeitos da pandemia nas relações e na saúde mental, deixando uma mensagem poderosa: “O passado é a raiz da depressão, e o futuro, da ansiedade. Por isso, nosso lugar é no presente”.

Para finalizar as participações externas, o pedagogo Cristiano Alcantara apresentou aos participantes o conceito dos Diários de Bordo na educação, destacando a sua importância para o aperfeiçoamento pessoal e profissional.

A Pró-Saúde atua na educação básica desde 1998, oferecendo atendimento para crianças de zero a três anos de idade. Por meio de convênio firmado com a Prefeitura de São Paulo, via Secretaria Municipal de Educação, mantém quatro Centros de Educação Infantil em atividade: Jardim Eliane, Jardim São Jorge, Lageado e Santa Rita, beneficiando, diretamente, mais de 670 crianças da Zona Leste de São Paulo.

A educação infantil tem como etapa essencial para a construção da identidade e da subjetividade das crianças a garantia dos cinco direitos de aprendizagem: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se, exaltando o protagonismo das crianças e o potencial para aprender.

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