Hospital Regional de Altamira alerta sobre brincadeira do autocontrole

Psicóloga da unidade orienta responsáveis sobre os riscos em expor crianças nas redes sociais

Nas últimas semanas, diversos vídeos viralizaram nas redes sociais com um “desafio”. A nova brincadeira consiste em pais testando o autocontrole dos filhos, com idades que variam de dois até cinco anos. O adulto pede para a criança se sentar, coloca uma guloseima em sua frente e pede para que o pequeno espere o retorno dele para comer.

A brincadeira ganhou adeptos no Brasil todo e, em Altamira, cidade localizada no sudoeste do Estado do Pará, não foi diferente. Por isso, especialista da Pró-Saúde que atua no Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), alerta sobre os riscos dessa “brincadeira” do autocontrole.

A ação é inspirada num experimento criado pelo psicólogo Walter Mischel, na década de 1960, conhecido como “Teste do Marshmallow”, que testava o autocontrole de crianças de 7 a 9 anos. Neste caso, elas tinham a opção de escolher entre atacar o doce imediatamente ou esperar o retorno do pesquisador e ganhar duas guloseimas. O resultado mostrou que aquelas que conseguiam esperar a recompensa em dobro tiveram mais êxito na vida adulta.

De acordo com Paula Costa, psicóloga do (HRPT), unidade gerenciada pela Pró-Saúde em Altamira, os pais não possuem base científica para realizar o teste. “Eles precisam entender que os dois testes são diferentes. O estudo feito na década de 60 foi realizado por uma equipe de profissionais e pesquisadores capacitados, que tinha como objetivo relacionar o autocontrole das crianças com o sucesso na vida adulta”, explica a profissional.

Segundo ela, além dos responsáveis saberem a diferença entre a brincadeira e o teste dos anos 60, eles precisam estar alerta sobre a exposição na qual os pequenos são colocados. “Hoje em dia, todas as crianças têm um celular. Se elas forem expostas dessa maneira, podem, inclusive, sofrer bullying. Estatisticamente falando, atualmente muitas crianças estão depressivas, então, o que se pode fazer é não colocar a filho em uma situação de exposição e sim preservar a imagem dessa criança”, aconselha.

A psicóloga orienta, ainda, que os pais não utilizem a brincadeira do autocontrole como um teste de obediência do seu filho. A forma correta é fazer dos seus exemplos um espelho para as crianças. “Limite deve ser dado, porém deve-se sempre observar de qual maneira”, finaliza Paula.

Referência para mais de 500 mil pessoas nos nove municípios que atende, o hospital, que pertence ao Governo do Estado e é administrado pela Pró-Saúde, realizou 408.122 atendimentos no ano passado, e alcançou índice de aprovação de 99,48% dos usuários acolhidos pelo hospital, em 2019.

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