Gravidez

Barcarena: a cidade dos gêmeos no interior do Pará

Pró-Saúde, gestora do Hospital Materno-Infantil de Barcarena, apresenta estudo que revela números de partos gemelares na unidade

Bárbara Pimentel, de 29 anos, descobriu a felicidade – e o espanto – em dobro na sua primeira gravidez. A chegada dos gêmeos univitelinos Benjamin e Bernardo foi uma surpresa sem igual para a mãe. Os bebês nasceram no Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB), no interior do Pará.

“Eu sempre tive o sonho de ter filhos idênticos, mas demorei a acreditar quando realmente aconteceu. Com a gravidez também surgiram riscos, comigo foi a prematuridade. Eu tive uma rede de apoio do hospital, que foi muito importante nessa fase”, explica a dona de casa.

Referência no Norte do País para gestação de alto risco, com atendimento 100% gratuito pelo SUS (Sistema Único de Saúde), o HMIB é uma unidade mantida pelo Governo do Pará e gerenciada pela Pró-Saúde desde a sua inauguração, em 2018.

No levantamento realizado pela instituição, o Materno-Infantil de Barcarena realizou 72 partos de múltiplos, o que corresponde a 145 bebês nascidos entre setembro de 2018 e janeiro de 2021.

A cidade de Barcarena se destaca com 52% dos nascimentos gemelares na pesquisa do HMIB. O município também representa a maior taxa de nascimentos de gêmeos da região do Baixo Tocantins, com 34%, segundo os dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde.

Partos de gêmeos são comuns na maternidade, que atende casos de média e alta complexidades na região do Baixo Tocantins. O hospital realiza partos também da Região Metropolitana de Belém e arredores ou munícipios próximos a região.

“Nós já tivemos até seis partos de gêmeos e/ou até de trigêmeos no período de um mês. Barcarena é uma cidade dos gêmeos no Brasil, diante da taxa elevada de partos gemelares”, comenta Joice Vaz, diretora assistencial.

Principais fatores

Entre os fatores relacionados no parto de gêmeos está a condição genética. “Uma história de gêmeos do lado feminino na família indica uma maior probabilidade de ovular mais de um óvulo por ciclo”, explica Waléria Plácido, obstetra da Pró-Saúde com atuação no Materno-Infantil de Barcarena.

A médica complementa que “dessa forma, a mulher pode ter a predisposição de liberar dois óvulos por vez, em cada ciclo menstrual ou um óvulo que depois se multiplica. Há possibilidade de um óvulo ou dois óvulos serem fecundados e assim, gerarem dois embriões diferentes ou iguais”. A melhora no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), gravidez assistida e extremos de idade materna também podem favorecer partos gemelares.

Uma tendência mundial

Os filhos de Bárbara fazem parte de uma tendência global: o aumento de nascimentos de gêmeos. Em 2018 e 2019, o Brasil ultrapassou os 60 mil casos de gestações duplas e mais de 1.400 casos de gestações triplas ou mais, segundo dados do Sinasc.

Uma pesquisa comportamental realizada pela Universidade de São Paulo (USP) revela que em uma década houve crescimento constante desse número. O estudo que foi baseado também em dados do Sinasc, mostrou que, de 2003 a 2014, houve um salto de 10 para 13 a cada mil bebês gemelares trazidos à luz, somente em São Paulo.

Segundo Emma Otta, coordenadora da pesquisa, essa tendência se estendeu por todo o país e pelo mundo. “Pesquisas em vários lugares do mundo, que trabalham com mensurações comportamentais, fisiológicas ou de autorrelato, evidenciam esse aumento, principalmente em mulheres com mais de 35 anos”, explica Emma Otta, coordenadora da pesquisa da USP.

Com uso de reprodução assistida, um dos principais fatores, o número de nascimento de gêmeos aumentou 28,5% no país em 10 anos, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de gravidez gemelar no Brasil, por métodos de fertilização, acompanhou esse crescimento, com estimativa de 25%.

Alto risco na gemelaridade

Essa tendência coloca os médicos em alerta, pois a gravidez de gêmeos ou múltiplos traz riscos para a mãe e para os bebês, de acordo com obstetra Waléria.

“Na gravidez gemelar, os partos são, muitas vezes, adiantados e os gêmeos nascem frequentemente prematuros, o que aumenta as chances de mortalidade infantil. A prematuridade corresponde a 11,7% dos nascimentos no país e a principal causa de morte infantil, até 5 anos, no mundo”.

A médica ainda destaca que, para ter uma assistência completa à mãe e ao bebê, “é muito importante ter um atendimento que abrange urgência e emergências, com estrutura hospitalar e corpo clínico prontos para minimizar qualquer risco e dar suporte no tratamento dos bebês”, diz.

Referência em partos de alto risco

Os gêmeos que nascem na maternidade de Barcarena passam por atendimento de uma equipe com mais de dez profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e equipe multidisciplinar que oferece todo o suporte para partos de alto risco, com Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal e adulto.

“São especialistas em obstetrícia e pediatria altamente qualificados. Temos uma estrutura física e tecnológica para prestar atendimento às gestantes, até mesmo, aos casos mais delicados e que envolvem prematuridade, comum nesse tipo de gravidez”, ressaltou a médica e diretora Técnica, Mary Mello.

O Materno-Infantil de Barcarena já realizou mais de 3.000 partos com um pouco mais de dois anos de existência. A unidade está localizada a 114km da capital Belém e enfrenta desafios específicos . O principal diferencial oferecido pela gestão

Nessas atuações, a Pró-Saúde, que gerencia o HMIB desde 2018, supera desafios, como a logística de materiais, equipamentos, fixação de corpo clínico capacitado, alinhado aos processos de gestão para garantir um serviço de saúde humanizado às gestantes e aos bebês, e dessa forma, garante todo o suporte necessário às usuárias.

 

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