Um hospital é mais seguro com exercícios simulados contra incêndio

Neste ano, os episódios vivenciados em ambientes hospitalares no País demonstraram a necessidade de evitar riscos, mas estar preparado para enfrentá-los é igualmente importante

Em setembro de 2019, um hospital privado no Rio de Janeiro sofreu um incêndio de grandes proporções com 20 vítimas fatais. Todos eram pacientes da unidade. No Espírito Santo, três episódios de início de incêndio foram registrados em um hospital infantil neste ano. O último caso ocorreu em agosto e houve a necessidade de transferência dos pacientes para outros hospitais da região.

Ao todo, mais de dez unidades hospitalares em todo o País registraram casos de incêndio em 2019. O levantamento foi realizado pela reportagem da revista Época e demonstra uma preocupação com a incidência desse tipo de situação em ambientes voltados ao restabelecimento da saúde.

Para Vivian de Aguiar, engenheira de Segurança e em Medicina do Trabalho na Pró-Saúde, entidade que gerência hospitais públicos e privados nas cinco regiões do Brasil, a prevenção de acidentes caminha em conjunto com a prontidão nos procedimentos de socorro. “A prevenção envolve o treinamento contínuo de profissionais que possam identificar situações de risco e, principalmente, agir para proteger a vida dos ocupantes da edificação e reduzir os danos ao meio ambiente. Os brigadistas de incêndio são mais importantes do que se imagina nesse contexto”, explica.

Na legislação, a função dos brigadistas de incêndio é determinada por Instruções Técnicas, conhecidas como IT. Cada Estado tem suas Instruções Técnicas elaboradas pelo Corpo de Bombeiros. A brigada de incêndio é formada por um grupo de colaboradores voluntários, que passam a maior parte do tempo no mesmo local de trabalho. O treinamento dos brigadistas é fundamental para garantir uma atuação capaz de realizar os primeiros socorros, controlar pânico, combater princípios de incêndio e guiar a saída das pessoas para o abandono de área.

“Os simulados de incêndio e abandono de prédio trazem para a realidade dos brigadistas a possibilidade de enfrentar uma situação real com mais eficiência e segurança”, ressalta Vivian. Além de treinado para situação de emergência (não urgência), o brigadista também é capacitado para identificar riscos no ambiente de trabalho e até na fiscalização do estado de conservação de equipamentos de segurança.

O Hospital Regional do Sudeste do Pará Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá (PA), é uma das unidades gerenciadas pela Pró-Saúde no Norte do País. No mês de outubro, foi realizado mais um Simulado de Abandono de Emergência em Incêndio Predial com o objetivo de testar a eficácia do plano de emergência, que mostrou situações reais que podem ser enfrentadas durante incêndios na unidade.

O simulado também avaliou agilidade e a resposta rápida do Corpo de Bombeiro do Estado do Pará, que chegou em poucos minutos ao hospital, prestando a assistência necessária para controlar e extinguir os possíveis focos de incêndio, que na ocasião foram simulados com máquinas de fumaça. Ao todo, o Hospital Regional de Marabá conta com 40 brigadistas.

Com 13 anos de existência, o Hospital Regional possui sistema de combate a incêndio com mais de 90 extintores e 17 pontos de hidrantes, placas de iluminação e sinalização nos corredores, e nos demais sistemas vitais da unidade, alarmes sonoros e visuais, bem como saídas de emergência.

“Temos uma preocupação constante em oferecer esse tipo de experiência proporcionada pelos simulados, como apoio nas capacitações periódicas aos nossos brigadistas. A manutenção adequada de todo nosso sistema de prevenção a incêndio também é realizada regularmente”, afirma engenheira do trabalho.

O Hospital Regional do Sudeste do Pará é referência no atendimento de média e alta complexidades para 22 municípios paraenses. A unidade conta com 115 leitos, sendo 77 de Unidades de Internação e 38 de Unidades de Terapia Intensiva.

No Espírito Santo, desde 2015 gerenciado pela Pró-Saúde, o Hospital Estadual de Urgência e Emergência conta com 110 brigadistas colaboradores nas áreas assistencial e administrativa atuando na prevenção. Na cerimônia que marcou a posse de 42 brigadistas, realizada em agosto deste ano, houve a uma simulação surpresa de princípio de incêndio no auditório do hospital. A ação imediata dos brigadistas tinha como objetivo realizar os primeiros socorros nas vítimas, abandono de local, retirando o público que estava próximo e no local do incidente, além de apagar o início de incêndio.

A ação foi conduzida pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) da unidade, com o objetivo de destacar a importância do grupo dentro da unidade hospitalar. Uma nova turma de brigadistas está prevista para janeiro de 2020 e pretender capacitar 80 novos colaboradores para a função.

Em novembro, outra unidade de saúde gerenciada pela Pró-Saúde no Pará, promoveu um simulado de acidente de grandes proporções envolvendo mais de 400 pessoas. O Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Belém, em parceria com a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Forças Armadas e Prefeitura do município, utilizou o espaço do Parque de Exposições do Entroncamento, um dos pontos mais tradicionais da cidade, como cenário do acidente.

No cenário, dois ônibus se colidem e um deles atinge um ponto de ônibus com diversas pessoas. Em seguida, as forças de segurança e resgate, atendimento e transporte das vítimas foram acionadas. As vítimas classificas com maior risco foram levadas ao Hospital Metropolitano.

Os exemplos citados servem para demonstram a importância dos simulados, que permitem uma avaliação eficaz das medidas de segurança implantadas no plano de emergência e propor a melhoria contínua do sistema.

De acordo com a engenheira de segurança, é imprescindível que no ambiente hospitalar essa também seja uma preocupação em conjunto com os aspectos estruturais. “Reduzir as chances de incêndio e ter uma equipe preparada para agir também é o papel de uma gestão eficiente e preocupada com a qualidade assistencial e a segurança de todos”, conclui.

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