Projeto de leitura une pais e alunos em Centros de Educação Infantil em áreas de vulnerabilidade social na Zona Leste

Alice e sua mãe, Andressa, leem juntas um livro recebido na escola no projeto Maleta Viajante.

O projeto “Maleta Viajante”, desenvolvido nos quatro Centros de Educação Infantil gerenciados pela Pró-Saúde, por meio de convênio com a Prefeitura de São Paulo, na Zona Leste de São Paulo, tem sido uma importante ferramenta para incentivar a participação dos pais na vida escolar dos filhos. Outro benefício do projeto é o desenvolvimento do hábito da leitura e vocabulário das crianças, que levam um livro para casa no fim de semana e o devolvem no começo da semana seguinte. Para algumas crianças, o projeto é a única oportunidade de ter contato com livros. Ao todo, cerca de 750 crianças participam de projetos que incentivam uma cultura de paz em uma das regiões mais carentes de São Paulo.

Todas as quintas-feiras são mais especiais para a Adriana D. e sua filha, Isabelle de 4 anos. Nesse dia, a aluna do CEI Lageado, que fica em Guaianases, recebe o livro da semana e seu Passaporte de Leitura. “Foi a primeira vez que ela teve essa experiência de trazer para casa um livro da escola. Ela chegou eufórica. Em casa nós incentivamos a leitura, ela tem muitos exemplares, mas o fato de trazer de fora, ter que cuidar e devolver, além de lermos juntas, deixou ela muito empolgada”, disse a mãe.

O projeto torna-se base importante para mudar uma realidade triste no Brasil: segundo a pesquisa Retratos da Leitura do Instituto Pró-Livro (2018), 44% da população no Brasil não lê e 30% nunca comprou um livro. “Minha filha tem dois anos e oito meses e adora quando eu leio para ela. Normalmente eu acesso um livro virtual, mostro as figuras. Quando ela pegou o livro da escolinha nas mãos, ficou toda feliz. Esse contato com o livro físico foi feito pela primeira vez com esse projeto da escola e faz toda diferença, sem dúvida. Percebo que ela desenvolveu a fala bem rápido, aprende várias palavras novas”, contou a dona de casa Andressa Gonçalves de Souza, mãe da aluna da CEI São Jorge, Alice. O centro de educação fica em Guaianases.

Eixos de aprendizado

A diretora da CEI São Jorge, Elisangela Ferreira ressalta que o projeto trabalha diferentes eixos que abordam desde os aspectos pedagógicos, até os sociais. “A leitura promove a associação do imaginário com as situações do dia a dia, amplia o vocabulário, incentiva a criatividade além de estabelecer, neste caso, uma aproximação no ambiente familiar e divisão de responsabilidades, já que os pais e irmãos devem ler para a criança e ajudá-la a cuidar da sacola, até que o livro volte para escola”, detalhou. Na CEI Santa Rita, em Cidade Tiradentes e no Jardim Eliane, as crianças tem atividades com livros frequentemente.

A pesquisa Indicador do Analfabetismo Funcional (Inaf) do Ibope Inteligência, mostra que três em cada dez jovens e adultos de 15 a 64 anos (cerca de 38 milhões de pessoas no Brasil), são considerados analfabetos funcionais, ou seja, reconhecem frases e nomes, mas tem muita dificuldade de entender e se expressar por meio de letras e números em situações cotidianas.

Crianças da CEI Santa Rita participam de atividades que incentivam a leitura

Além de aproximar as famílias – já que os pais ou responsáveis devem participar da lição de casa e ler o livro da semana com o aluno – o projeto também traz benefícios para as etapas futuras da vida escolar da criança, promovendo a melhora nos indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que avalia o desempenho na alfabetização, informa a diretora do CEI Lageado, Vanessa Zanetti. “Quanto mais cedo a criança tem contato com a leitura, mais fácil será a alfabetização. O projeto aproxima a criança dos livros”, destacou.

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