Programa ajuda paciente que enfrenta dependência química a se recolocar no mercado de trabalho

“Estamos de Volta” estimula a reinserção social de pacientes em tratamento no Caps AD de Mogi das Cruzes

O nome “Estamos de Volta” diz muito sobre o grupo de trabalho criado há dois meses pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) de Mogi das Cruzes (SP), para auxiliar os pacientes no retorno ao mercado de trabalho. A atuação dos profissionais do serviço envolve as questões relacionadas à ressocialização e reinserção social, como forma de estímulo e incentivo para um novo capítulo na vida de muitos pacientes.

Entre as atividades, o grupo contribui em tarefas consideradas simples, como a criação de um currículo, além de algumas dicas para passar pela entrevista de emprego. Durante os encontros, que ocorrem semanalmente, diversos pontos são abordados para ajudar na reinserção ao mercado profissional.

“Sabemos que as dificuldades são enormes, já que muitas pessoas estão há bastante tempo fora do mercado de trabalho, outras estão em situação de rua e vivem em abrigos. Temos até mesmo uma dificuldade da própria sociedade em aceitar essas pessoas. A dependência química é uma situação que precisa de acompanhamento e apoio”, destaca Ana Cristina Menezes, assistente social do Caps AD de Mogi.

O Caps AD de Mogi é uma unidade que atende usuários que enfrentam a dependência de álcool e outras drogas, de ambos os sexos. O serviço é gerenciado pela Pró-Saúde desde a inauguração há cerca de um ano, e oferece atendimento ambulatorial com uma equipe multidisciplinar. Além de consultas com psiquiatras e psicólogos, os pacientes participam de oficinas terapêuticas.

A assistente social destaca que muitos pacientes têm como primeira conquista a elaboração do currículo. “Eles trazem as informações sobre suas experiências, telefones de contato de parentes, já que com o tratamento e acompanhamento no Caps AD, eles conseguem recuperar os laços familiares, que acabam desgastados pelo uso de drogas. Criamos, ainda, endereços de e-mail para aqueles que já estão capacitados a voltar ao mercado de trabalho. São coisas que podem parecer simples, mas que fazem a diferença”, ressalta.

A esperança de um emprego

Para os pacientes que integram o grupo, as oportunidades de trabalho são as principais expectativas. “Realizo tratamento há nove meses e, desde então, estou sóbrio. Muitas empresas não aceitam as pessoas que estão em tratamento, mas o Caps AD foi uma luz no fim do túnel quando achava que não conseguiria mais. Criei um vínculo com outros pacientes e funcionários, hoje considero minha segunda casa”, relata um dos participantes que terá seu nome preservado.

Desde 2008 sem trabalhar com carteira assinada, o paciente, de 53 anos, conta ainda que realiza trabalhos autônomos em serviços gerais, mas faz planos para quando conquistar um emprego. “Faço bicos e o trabalho ajuda muito no tratamento. Quero ter minha casa, voltar a estudar, constituir uma família. O álcool me fez perder muitas coisas, mas a principal foi a confiança das pessoas. Ele me fez perder emprego, uma noiva quando era mais jovem e minha mulher. Cheguei a morar na rua para não envergonhar minha família e não quero mais passar por isso”, ressalta.

A educação como mudança

A profissional explica que a atuação do grupo também funciona de forma colaborativa, pois as dúvidas dos pacientes viram temas abordados nos encontros. “Buscamos identificar em quais áreas essas pessoas já atuaram ou suas afinidades, assim, direcionamos para as vagas que surgem”, explica Ana Cristina.

Além da preparação para o mercado de trabalho, um dos passos adotados pelo grupo é apoiar o retorno dos pacientes aos estudos. “Estamos direcionando as pessoas que não terminaram a escola para o programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também indicamos os cursos profissionalizantes gratuitos que existem na cidade. Eles têm um grande potencial e trabalhamos para que tenham qualidade de vida”, reforça Ana Cristina.

O Caps AD de Mogi funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h, na rua Júlio Mobaid, 61, na Vila São Francisco.

Os mogianos que puderem colaborar com o projeto, com oportunidades de recolocação no mercado de trabalho, podem entrar em contato por meio do telefone: 4798-7336.