Hospital Oncológico Infantil

“O câncer ósseo acomete, sobretudo, os dois extremos da vida, crianças e idosos”, afirma ortopedista oncológico

O câncer nos ossos é um problema de saúde que comumente ocorre na infância. É nesse período que os tumores são mais agressivos, as lesões mais comuns aparecem na região do joelho, próxima ao fêmur e tíbia. A falta de informação sobre o assunto contribui para o alto índice de mortalidade e atinge, principalmente, crianças, adolescentes e idosos. Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) mostram que o tumor ósseo representa 2% das patologias oncológicas no Brasil, o que significa a incidência de aproximadamente de 2.700 casos novos por ano.

Abril é o mês em que os profissionais da saúde alertam para a existência do câncer ósseo, assunto ainda pouco difundido na sociedade, mas que instituições do segmento da saúde reforçam o tema por meio da campanha Abril Amarelo.

No Pará, no período de 2018 a 2020, foram apontados 181 casos pelo Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém. A unidade, que pertence ao Governo do Estado, sendo gerenciada pela Organização Social Pró-Saúde, destaca que dos casos apresentados pelo RHC do hospital, 38 são tumores oncológicos e 143 não oncológicos.

O diretor Técnico do hospital, José Miguel Alves Junior, explica o porquê da relação numérica dos casos atendidos nos últimos três anos. “Podemos observar que a quantidade de casos de tumores benignos foi superior, pois, durante o curso do contrato da Pró-Saúde, passou-se a oferecer atendimentos para casos de pacientes que apresentavam esses tipos de tumores”, diz.

Ainda segundo o diretor, “mesmo que o percentual de tumores malignos não seja tão alto, nunca se pode baixar a guarda em atenção à saúde das crianças, muito menos à garantia da oferta de um atendimento qualificado com foco na segurança do paciente”.

O médico ortopedista oncológico, Fernando Brasil, que integra o corpo clínico de profissionais do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, destaca que o problema atinge principalmente os extremos de faixas etárias. “É importante lembrar de que o câncer ósseo acomete, sobretudo, os dois extremos da vida, a infância e a velhice”, afirmou.

Contudo, o médico compartilha informação que faz diferença. “Quando o problema é descoberto precocemente, por meio de uma simples radiografia, as chances de cura ou de não amputação de um membro são muito maiores”.

O ortopedista oncológico reforça que no caso de câncer ósseo o diagnóstico precoce é muito importante. “Por serem as crianças as mais acometidas, a gente sempre orienta que qualquer sintoma de dor, aquela dor que não tenha história com algum tipo de trauma em algum membro, qualquer aparecimento de tumor ou caroços pelo corpo, é sinal para buscar atendimento médico urgente”, explica.

Ele chama a atenção para o fato de que “na maioria dos casos a investigação antecipada e minuciosa tem uma forte relação com o processo de cura, é essa consciência que as pessoas precisam ter”, ressalta Fernando Brasil.

Tipos de cânceres ósseos

O tipo mais comum que acomete crianças é o osteossarcoma, que ocorre de 2 a 3 casos em cada 1 milhão de habitantes. Já no grupo de idosos os tumores ósseos normalmente são oriundos de outros órgãos, principalmente os de mama, próstata, pulmão, rim e tireoide e se instalam nos ósseos, o que é chamado de metástase óssea.

A médica especializada em oncologia pediátrica, Fabíola Puty, da equipe do Oncológico Infantil, explica a causa do surgimento do câncer. “Podemos dizer, em geral, que o surgimento de cânceres ósseos, a exemplo do osteossarcoma, é que eles são causados por erros que ocorrem no DNA das células, elas começam a se multiplicar e há um crescimento descontrolado, provocando o surgimento de uma massa, ou tumor, que começa a invadir o espaço de outras estruturas próximas, causando dor e dificuldade para andar. É muito importante procurar ajuda médica para que o diagnostico seja o mais precoce possível”, esclarece.

Acidente muda vida de jovem

O caso do jovem Gustavo Siqueira Matos, de 19 anos, morador da cidade de Ourém, na Região Nordeste, é bastante curioso. Aos 17 anos, ao participar de uma trilha com amigos, em outubro de 2019, sofreu um acidente de motocicleta e teve escoriações pelo rosto e ombro direito. “O acidente foi como um ‘empurrão’ para a descoberta do meu problema de saúde. Se não tivesse ocorrido, talvez demorasse mais tempo ou fosse pior a minha situação”, reconheceu.

O pai, Augusto Matos, lembra de que no mesmo dia o filho foi levado, às pressas, ao hospital de Ourém para fazer uma radiografia e verificar se não havia fraturado alguma parte do corpo, mas, no dia, não conseguiram fazer e tiveram de viajar para a cidade de Capanema para realizar o exame. “Decidi enviar a imagem da radiografia para um amigo médico, que resolveu encaminhar para um oncologista. Depois de meia hora, recebi a resposta que era para eu trazer o Gustavo urgente para Belém para fazer uma biopsia. Aí foi um desespero para a família. Na manhã seguinte, viajamos a Belém”, relatou o pai.

Gustavo foi diagnosticado em outubro de 2019 com osteossarcoma de úmero esquerdo. Mas quatro meses antes do diagnóstico tinha dores na região do ombro esquerdo. “Eu sentia um tipo de aperto, umas pontadas no ombro”, disse o jovem.

Em março do ano passado fez a cirurgia de endoprótese de úmero (inserção de uma prótese interna no braço) no Oncológico Infantil. Atualmente, Gustavo está fora de tratamento há 4 meses, desde que fez a última sessão de quimioterapia, em dezembro do ano passado. “Meu maior medo foi perder o meu braço, porque eu corria esse risco. Mas deu tudo certo graças a Deus”, revela o rapaz que pretende se graduar em Enfermagem e poder ajudar outras pessoas.

O osteossarcoma de úmero geralmente costuma ocorrer nos ossos longos que compõem os braços e as pernas, embora possa se desenvolver em qualquer osso do corpo humano.

O Hospital Oncológico Infantil oferece diversos serviços oncológicos especializados em áreas, como cirurgia pediátrica, infectologia, ortopedia, radiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, neurocirurgia, cirurgias torácicas e vasculares, nefropediatria, cuidados paliativos, serviços multiprofissionais (como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, serviço social, terapia ocupacional), dentre muitos outros.

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