No Hospital Metropolitano, gameterapia auxilia na recuperação de vítimas de queimadura

A inclusão de jogos eletrônicos à reabilitação de pacientes, chamada de gameterapia, conta com opções como canoagem, tênis e dança

Pacientes internados no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) ganharam uma nova forma de recuperação: a gameterapia. A técnica, que une jogos digitais à reabilitação, auxilia no fortalecimento físico de vítimas de queimaduras na unidade hospitalar, referência em traumas de alta complexidade e queimaduras.

A gameterapia vai além das questões físicas, ajudando também na recuperação mental. No Metropolitano, por conta da gravidade dos casos, alguns pacientes precisam passar por amputações, o que desencadeia uma série de sentimentos negativos como tristeza, raiva ou estresse. “Com essa nova opção de tratamento, é possível observar, logo na primeira atividade, que esses sentimentos são amenizados porque eles veem que, mesmo despois do acidente, podem fazer as atividades”, afirma a Sâmia Feio, fisioterapeuta.

A atividade de gameterapia já é uma realidade em outras alas de recuperação do Hospital Metropolitano, criado pelo Governo do Pará e gerenciado pela Pró-Saúde, mas pela primeira vez é desenvolvida no Centro de Queimados.

“O paciente vítima de queimadura é diferente do que sofre um acidente de carro, por exemplo. Muitos desses pacientes passam dias e até meses aqui dentro, pois a recuperação da lesão é mais demorada. Nossa missão é identificar os aspectos para tornar esse percurso mais ameno e agregar qualidade de vida para essas pessoas”, destaca a fisioterapeuta e pesquisadora, Taize Oliveira.

No CTQ, a gameterapia é realizada semanalmente, a partir da identificação dos pacientes aptos a participarem, após análise dos aspectos clínicos de cada caso, por parte da equipe de fisioterapia.

“O nosso objetivo é fazer com que esse ambiente fique mais lúdico e que todos os pacientes participem, mas para isso eles precisam se enquadrar em alguns quesitos clínicos como, por exemplo, não estar com dor ou sob efeito de medicamentos. Esse cuidado é levado sempre em consideração”, comenta a fisioterapeuta Sandra Souza.

Experiência do paciente

Leandro de Souza Santos, 26 anos, está internado no Metropolitano há cerca um mês, em decorrência de um acidente com descarga elétrica. Apesar de tímido, o jovem, que é do município de Curionópolis, interior do Pará, gostou da nova atividade. “É muito bom poder sair do leito e vir para cá participar”, comenta.

Camila da Costa, 28, acompanhante e esposa de Leandro, avalia que a atividade veio para motivar o marido. “Fez muito bem para ele. Aqui, ele sorriu, brincou e isso faz toda a diferença. Depois do acidente, ele precisou amputar as duas pernas e agora está se recuperando bem. Será uma nova vida e teremos que reaprender muitas coisas”, diz ela.

Outro paciente que aprovou a gameterapia foi Aluísio Augusto, de 43 anos, morador de Santa Bárbara, Região Metropolitana de Belém, que está há 40 dias internado no CTQ.

“Eu trabalho com colheita de dendê e enquanto estava cortando, a foice bateu em uma fiação que ocasionou o choque”, conta sobre o acidente. “Nem quando eu era criança tive acesso a uma brincadeira assim. Obrigado por lembrarem de mim”, comenta sorridente sobre a terapia.

O HMUE é o único hospital público que possui um Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) no Pará, atuando como referência no Estado. Recentemente, a unidade lançou o e-book “Xô Queimaduras”, que reúne dicas simples e importantes para a prevenção de acidentes. O material está disponível para download gratuitamente na internet (link para baixar: https://bit.ly/xoqueimadura).

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