Mais um passo foi dado para consolidação do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém (PA), como centro de referência em transplantes no Brasil. Na noite desta quinta-feira, 24/11, a unidade pública de saúde realizou a primeira captação de órgãos sem contar com equipe médica de fora. Todos os profissionais envolvidos no procedimento atuam no próprio hospital. Dois rins e uma córnea foram captados de uma vítima de acidente de trânsito, de 15 anos. Desde 2012, dez captações foram realizadas com extração de 52 órgãos.
Esta foi a segunda captação de órgãos realizada em 2016, pelo HRBA. Em fevereiro, foram extraídos rins, fígado e córneas. Para o responsável técnico de transplantes do HRBA, nefrologista Emanuel Esposito, esse avanço vai possibilitar que o hospital inicie os transplantes com doadores cadáveres. Até o momento, os procedimentos ocorrem somente entre vivos. “Isso é mais um passo rumo à independência, para que nós não precisemos mais depender de equipes externas. A equipe do hospital foi treinada e preparada para isso, e ela deu a resposta agora, essa é a prova. Vai facilitar o transplante, também. A partir de agora vamos trabalhar para fazer a captação do órgão e implantar aqui”, afirma.
Com o início da realização de transplantes, neste mês, a Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HRBA acredita que o número de doações tende a crescer. “Nossa perspectiva em relação a transplantes é muito grande relacionada a doação de cadáver. A partir do momento em que temos pessoas transplantadas na cidade, e as outras começam a ver que o resultado é benéfico, isso ajuda na conscientização para aumentar o número de doação”, diz o enfermeiro da OPO, Renê Pimentel.
O hospital está habilitado a captar válvulas do coração, fígado, rins e córneas. Quando há um potencial doador, a Organização à Procura de Órgãos comunica a doação à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), que aciona o Sistema Nacional de Transplante (SNT) e disponibiliza os órgãos e tecidos para doação.
Para que uma doação seja concretizada, a família do doador deve autorizar o procedimento. “Nós consideramos que já tivemos um grande avanço. Em menos de quatro anos, já começar de forma independente, com uma equipe local de captação, é muito importante para a comunidade santarena e para o Hospital Regional, que mostra o potencial que tem em desenvolver atividades de grandes centros. A perspectiva é tornarmos uma central nacional de transplantes”, finaliza Pimentel.