Hospital Metropolitano alerta para escolhas saudáveis e aproveitamento de alimentos

Colaboradores do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), unidade do Governo do Estado do Pará, participaram, nesta terça-feira (13/8), de programação para discutir alimentação saudável. Essa foi a primeira de uma série de palestras previstas para ocorrer mensalmente até o final do ano, como parte do Programa Qualidade de Vida, que tem como temas centrais a nutrição, exercícios físicos, psicologia e medicina.

De acordo com o coordenador do Programa Qualidade de Vida, Augusto Duarte, o objetivo do evento foi estimular a reflexão e o protagonismo dos participantes. “Buscamos promover a participação dos membros do programa e convidados, além de estimulá-los a desenvolver habilidades para a escolha adequada dos alimentos e a preparação deles em qualquer ambiente, seja em casa ou no trabalho”, explicou.

A cirurgiã e nutróloga Lia Correia foi uma das palestrantes e falou sobre desmistificação da alimentação saudável, frente ao excesso de informações e às ideias preconcebidas de que comer bem é difícil e caro. “A origem do termo ‘dieta’ está relacionada a hábito alimentar, mas as pessoas entendem como restrição. Eu costumo defender a adoção de uma dieta sustentável, que seja possível de ser cultivada”, explicou Lia.

A médica do HMUE, unidade gerenciada pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, alertou que Belém é a capital que menos consome vegetais no país. Segundo dados de 2018 da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, apenas 23% da população adulta afirma ingerir regularmente frutas e hortaliças durante o dia. Um paradoxo justamente para quem vive em uma cidade onde as mangas caem do céu e que possui a maior feira ao ar livre da América Latina, o mercado do Ver-o-Peso.

Para a especialista uma das razões para esse quadro é o ruído de informações, sobretudo no que se refere às dietas da moda e ao que é, de fato, saudável. Por exemplo, o pêssego pode ser encontrado in natura, ou seja, no estado natural após colheita; processado na indústria, na forma de pêssego em calda; ou ainda ultra processado, com a adição de ingredientes em laboratório, como o suco de caixinha.

“Hoje temos muitos produtos ultraprocessados disponíveis que vão contra as características do corpo humano. Somos caçadores e coletores e essa natureza não tem como mudar em 50 anos o que se levou milhares de anos para evoluir”, analisou Lia. Ela explicou ainda que as pessoas confundem alimento com produtos alimentícios. “As lojas oferecem ‘produtos naturais’ em caixas e embalagens plásticas a preços altos. Se houver a apenas troca de industrializados por in natura já é possível reduzir 500 calorias em média na dieta”, afirmou.

A solução pode estar na reeducação alimentar considerando as necessidades de cada pessoa e a qualidade do que se come. De acordo com a nutróloga, cinco metas fazem a diferença na dieta: reduzir o consumo de industrializados; ingerir três frutas e duas saladas ao longo do dia; evitar açúcar e adoçantes; preferir alimentos locais, se possível, os da época; e beber água – a quantidade ideal é definida pela multiplicação do peso do indivíduo por 35ml (uma pessoa que pesa 70kg, por exemplo, necessita de 2.450ml de líquidos por dia para se manter hidratada).

 

Aproveitamento

Durante a agenda, a nutricionista do Ambulatório de Nutrição do HMUE, Lorena Begot Vilhena, abordou o aproveitamento correto dos alimentos. Ela explicou a diferença entre resto (aquilo que não é mais possível consumir) e sobra (o que ainda pode ser aproveitado) e que entre as atribuições da nutrição está a preparação. “Em média, 20% do que se coloca no prato é desperdiçado. É preciso também refletir sobre para onde vai o alimento”, ponderou Lorena.

No Serviço de Nutrição e Dietética do HMUE são produzidas as refeições de pacientes, acompanhantes e colaboradores. O combate ao desperdício é uma das preocupações do setor, por isso, a elaboração dos cardápios também considera o aproveitamento, sobretudo de vegetais. Lorena demonstrou que as cascas, por exemplo, apresentam muito mais nutrientes do que as próprias frutas.

Durante o evento ela trouxe uma degustação de bolo salgado de cascas e talos, acompanhado de suco de casca de abacaxi com talos de couve. O público presente foi unânime na apreciação. “Eles puderam perceber a importância de se aproveitar e não desperdiçar os alimentos. O preparo deixa saboroso e nutritivo. Aprovaram tanto que me pediram a receita”, afirmou a nutricionista.

Voltar para o topo da página - Pró-Saúde