Maio Amarelo

Hospital Galileu alerta para os riscos de sequelas permanentes causadas por acidentes de trânsito

Em 2020, a unidade localizada em Belém realizou mais de 4 mil atendimentos ortopédicos. O alerta faz parte da campanha Maio Amarelo

O Hospital Público Estadual Galileu, o HPEG, é uma unidade de retaguarda especializada no atendimento de traumas ortopédicos em Belém. Apenas em 2020, a unidade realizou 4.373 atendimentos e, com base em estimativas do próprio hospital, cerca de 80% dos casos estavam relacionados a acidentes de trânsito.

De acordo com o levantamento realizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), uma organização voltada ao desenvolvimento de ações que contribuam para redução dos índices de acidentes no trânsito no Brasil, o número de internações por esse tipo de acidente gera um custo anual de R$ 52 bilhões ao sistema público de saúde.

Além dos impactos assistências e econômicos para a saúde, os acidentes de trânsito causam óbitos e podem trazer sequelas permanentes para toda uma vida. No HPEG, por exemplo, foram registrados 30.425 atendimentos de fisioterapia no ano passado, o tratamento é necessário principalmente para as vítimas de traumas ortopédicos.

Segundo Everton Barbosa, ortopedista do Hospital Galileu, os pacientes vítimas de acidentes de trânsito costumam apresentar diversas lesões devido a alta velocidade e energia causada pelo impacto. “Por isso, independentemente do tipo de trauma ortopédico e de sua causa, é necessário ter o acompanhamento especializado para aumentar as chances de recuperação”, explica.

No entanto, o profissional ressalta que o processo de recuperação pode ser lento e, às vezes, bastante doloroso. “Em muitos casos a vítima consegue se recuperar. Porém, alguns traumas podem ser permanentes como uma perna amputada ou membros paralisados. São sequelas irreversíveis e que mudam a vida de quem sofreu o acidente”.

Fabrício Nascimentos é um dos pacientes do HPEG vítima de um acidente de trânsito. Há dois meses, ele perdeu o controle de sua moto ao ser fechado na via por um carro. O forte impacto causou uma fratura grave em seu braço esquerdo, passou por uma cirurgia e se recupera na unidade.

“Tive escoriações por todo o corpo. Quando acordei já estava em um hospital. Graças a Deus não aconteceu nada mais grave comigo”, disse.

Assim como Fabrício, o paciente Airton Corrêa também se acidentou e teve fraturas pelo corpo todo. “Pensei que o sinal estava aberto e segui com a moto. Acabei batendo em outro veículo. Se não estivesse de capacete teria sido ainda pior”. Airton sofreu uma fratura exposta na perna esquerda.

Ainda segundo o ortopedista do Galileu, “as lesões cutâneas como cortes, escoriações e ferimentos são as mais recorrentes, além das fraturas em membros inferiores como no fêmur, tíbia e pés”. O profissional acrescenta que “o tratamento desses casos pode combinar medidas como o uso de medicamentos, fisioterapia, imobilização dos membros afetados e cirurgias”.

Assistência psicológica

Os acidentes de trânsito não trazem apenas sequelas físicas, mas também psicológicas. O medo das consequências do trauma, dor e limitações físicas impactam o emocional das vítimas.

Para a psicóloga Lohana de Paula, os diversos fatores envolvidos na recuperação de um paciente incluem a necessidade de apoio psicológico e emocional. “As limitações físicas e o tratamento prolongado afeta as relações sociais do paciente no que se refere ao trabalho, vínculos sociais e autoestima”, explica.

“Quando identificamos essa necessidade, iniciamos um tratamento psicológico do paciente até o momento de sua alta médica. Caso haja a necessidade de continuidade desse acompanhamento, nós o encaminhamos para unidades de atendimento específico”, acrescenta.

Campanha Maio Amarelo

Dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde registraram mais de 30 mil mortes em acidentes de trânsito no Brasil em 2019. O país segue com uma média anual de 30 mil óbitos, o que representa cerca de 80 mortes por dia em decorrência desse tipo de acidente.

A campanha do Maio Amarelo é uma inciativa com o objetivo de alertar e discutir assuntos relacionados à segurança viária e redução de acidentes e mortes no trânsito. A escolha do mês ocorreu pela Organização das Nações Unidas (ONU), com a cor amarela simbolizando a sinalização e alerta no trânsito.

Anualmente, o Hospital Galileu, unidade do Governo do Pará, e gerenciado pela entidade filantrópica Pró-Saúde, disponibiliza aos seus pacientes e acompanhantes momentos com ações educativas sobre leis de trânsito.

Neste ano, colaboradores percorrerão as enfermarias da unidade com placas simulando sinais de trânsito e um folder com orientações gerais sobre o tema. A ação alusiva acontecerá em todo o mês de maio.

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