Pandemia

Com oficina de artesanato, pacientes internados no Hospital de Campanha amenizam o medo da Covid-19

Desenvolvido na unidade de campanha do Hangar, em Belém, projeto pretende aliviar angústias causadas pela internação entre os pacientes em tratamento na enfermaria do hospital

Nesta semana, pacientes internados no Hospital de Campanha do Hangar, em Belém, participaram de uma oficina de artesanato com supervisão de profissionais de saúde da unidade.

Durante a ação, a oficina proporcionou aprendizado sobre o manuseio de pedrarias, papel, canetas, entre outros objetos para confecção de itens decorativos e enfeites. Os pacientes, em tratamento para Covid-19 na enfermaria do hospital, foram avaliados previamente por uma equipe multiprofissional.

O projeto da oficina chama-se “AAmor”, e foi criado pela unidade para amenizar medos e anseios causados pela doença. “Essas pessoas estão longe dos familiares em um ambiente desconhecido. Suavizar esse aspecto para favorecer o processo de cura é o nosso principal objetivo”, afirma Elizabeth Cabeça, responsável pelo setor de Humanização do Hospital de Campanha.

Além de diminuir os sentimentos negativos enfrentados na luta contra o novo coronavírus, como estresse e ansiedade, a atividade promove inclusão e socialização. A oficina também atua como um processo terapêutico, envolvendo trocas de experiências e ensinamentos.

“Neste momento, a gente trabalha a subjetividade desses pacientes para que eles saiam um pouco do contexto de internação e dividam as experiências deles com a equipe e outros pacientes. É um diferencial para o tratamento mais humanizado e ativo”, afirma o psicólogo clínico, Rogis Coutinho.

Experiência dos pacientes

Internado há 11 dias, Cosme Damião, de 27 anos, foi um dos pacientes que fez parte da atividade, realizada na última terça-feira, 29/6. “Eu nunca imaginei participar de uma oficina de artesanato aqui dentro do hospital. Na verdade, eu nunca participei de algo direcionado a isso lá fora e, aqui dentro, ampliei a minha visão. Isso é engraçado porque o que poderia ser triste passou a ser um momento de descontração. Parecia que eu estava lá fora com os meus amigos”, disse.

O jovem, que gerencia um comércio com a esposa Lucileia Moraes, em Belém, conta que o que mais deseja no momento é contar a experiência para a filha, Luna dos Santos, de um ano e três meses. “Vou contar para a minha filha que participei da oficina. Pretendo ter bem mais tempo para a vida. Eu deixava isso de lado e essa doença veio para provar, na dor, que devo priorizar o que realmente é importante”, conclui.

Outra paciente que acompanhou a oficina foi Merivalda Leão, 36, vinda de Goianésia, no interior do Pará. Internada há quatro dias e com quadro de ansiedade, ela conta que a atividade cooperou para a melhora no humor. “Eu estava bem triste. Esse medo da incerteza é horrível. Por mais que a gente receba todo o cuidado, o carinho desses profissionais, existe o sentimento do medo porque essa doença é algo que não podemos controlar. Então, participar da atividade me deixou mais alegre”, comenta.

Criado pelo Governo do Estado do Pará, o Hospital de Campanha do Hangar já atendeu mais de seis mil pacientes. A unidade é gerenciada pela Pró-Saúde, sendo referência no tratamento da Covid-19 e com atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

“Toda a atuação dentro do Hospital de Campanha é voltada para o bem-estar e segurança do paciente. Essa é mais uma atividade que comprova isso e, com certeza, impactará na experiência de vida quando tiverem altai”, diz a diretora assistencial do hospital, Josieli Ledi.