As crianças que fazem parte do grupo de risco do coronavírus

Os cuidados com os pequenos valentes do Hospital Oncológico Infantil já foram redobrados, mas as crianças pedem que todos façam a sua parte e se protejam da Covid-19

Hérica Damasceno é mãe da pequena Evelyn Nicolle, de apenas 2 anos. A descoberta do câncer na filha completou um mês nesta semana (23/3) e agora, a atenção é redobrada por causa do novo coronavírus (Covid-19), inclusive entre os familiares.

“Nós tivemos alta recentemente de uma internação. Desde que chegamos em casa, estamos tendo mais cuidados inclusive com as visitas de familiares. Conversamos e entendemos que para a segurança de todos e, principalmente da Evelyn, a recomendação é para ficar em casa”, ressalta Hérica.

Para crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, no Estado do Pará, a Covid-19 se torna mais perigosa, pois o sistema de defesa do organismo de pacientes oncológicos acaba ficando mais frágil em função das quimioterapias.

“Por estarem mais suscetíveis a infecções, a estratégia de quarentena e isolamento social, para diminuir o número de novos casos da doença, se torna mais importante para que essas crianças e jovens não fiquem expostos ao vírus transmitido por pessoas possivelmente infectadas, porém assintomáticas”, explica Alba Muniz, diretora Hospitalar do Oncológico Infantil.

Atualmente, cerca de 900 crianças e adolescentes de municípios do Pará e de estados vizinhos, como o Amapá, estão em tratamento no hospital que completou 4 anos em 2019. Os pequenos atendidos na unidade, referência no Norte do País em atendimento oncológico pediátrico, demonstram muita consciência sobre o coronavírus, mesmo tão jovens.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o pequeno Arthur Levi, de 5 anos, explica os perigos da Covid-19 e ensina seus seguidores, inclusive os amiguinhos do hospital, sobre a etiqueta da tosse e como eles devem se proteger. A mensagem termina com um pedido para que todos fiquem em casa.

“Pessoal, hoje eu vou falar sobre o coronavírus. É um vírus muito perigoso e a gente não pode ter contato com uma pessoa porque ele pode estar nas mãos, pés, nos olhos, nariz e na boca. Temos que lavar bem as mãos, passar água, sabão e álcool gel. Todo mundo sabe que o coronavírus está aí. Então, bora ficar em casa só um pouquinho. Depois volta tudo ao normal”, pede Levi.

O vídeo pode ser assistido neste endereço: https://www.instagram.com/arthurlevii/p/B-PkGINA3aI/

No ano passado, superando a marca de 1 milhão de atendimentos, o Oncológico Infantil, que é gerenciado pela Pró-Saúde, por meio de contrato de gestão com o Governo do Pará, realizou 110 mil sessões de quimioterapias, 56.049 consultas, 651 mil exames e mais de 5 mil internações. A atenção prestada aos pacientes é reconhecida pelo alto índice de aprovação da unidade, sendo de 98% atualmente.

A importância de ficar em casa

Nos últimos dias, profissionais de unidades de saúde em todos os cantos do mundo, inclusive no Oncológico Infantil, estão publicando imagens em redes sociais para conscientizar a população sobre a doença. Com mensagens que pedem para todos ficarem em casa, o objetivo é estimular o isolamento social da população, enquanto os profissionais da saúde trabalham para garantir atendimento aos que foram acometidos pela doença.

“Neste momento, com base nas orientações de órgãos de saúde, a recomendação para nossos usuários e para os seus familiares é evitar contato com quem apresente qualquer sintoma de gripe, e claro, com casos suspeitos ou confirmados da Covid-19. Essa é a recomendação básica, assim como higienizar regularmente as mãos e superfícies de contatos frequentes das crianças fora do hospital”, explica a diretora Alba Muniz.

Um mês após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 em território brasileiro, já foram diagnosticados mais de 3 mil casos da doença no País. Em meio às tentativas de frear o avanço do coronavírus, crianças em tratamento contra o câncer no Oncológico Infantil, por meio da pintura de desenhos e a publicação de fotos e vídeos nas redes sociais, fazem um apelo para que a população fique em casa.

“Só saio de casa para vir ao Hospital porque o tratamento do Elias continua, e é a nossa prioridade. No trajeto, não como há como evitar o contato com outras pessoas é aí que mora o perigo, porque é um tipo proteção que não depende só da gente, depende também de quem está nas ruas”, ressaltou Lauriane Silva, uma das mães que há sete meses acompanha o tratamento do filho na unidade.

O caso dos pacientes oncológicos, além das orientações básicas de higienização, como limpeza das mãos com água e sabão, álcool em gel, evitar tocar olhos, nariz e bocas com as mãos, deve-se evitar aglomerações de pessoas e ambientes fechados. As visitas hospitalares devem se restringir àquelas estritamente necessárias. No entanto, em hipótese nenhuma, se deve interromper o tratamento.

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