Alerta! Pesquisa aponta que 77% dos brasileiros se automedicam

O prática de consumir remédios por conta própria pode causar alergias, intoxicação, reações adversas, resistência bacteriana e até mascarar uma doença mais grave

O hábito de tomar remédios por conta própria, sem a orientação de um profissional pode ocasionar riscos para a saúde. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 10% das internações hospitalares são causadas por mau uso de medicamentos.

Seja para tratar uma dor muscular, dor de cabeça ou para aliviar sintomas de resfriados, a automedicação nunca é indicada. Somente um profissional da saúde, que tem completo conhecimento sobre medicamentos, é quem deve prescrever e ditar horários certos. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, revelou que 77% dos brasileiros se automedicam. A pesquisa também mostrou quais foram os medicamentos mais utilizados pelos brasileiros nos últimos seis meses. Um dado que chama a atenção é o consumo de antibióticos, ingerido por 42% dos entrevistados. O percentual é superado apenas pelo uso de analgésicos e antitérmicos, que 50% das pessoas declararam tomar.

Edna Ormi Galazi, coordenadora de farmácia do Hospital Estadual de Urgências e Emergências (HEUE), em Vitória (ES), gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, explica os perigos desta prática. “O consumo de medicamentos de forma indiscriminada pode ocasionar alergias, intoxicação, reações adversas, resistência bacteriana e, em alguns casos, quando fazemos o tratamento apenas de um sintoma isolado, mascarar uma doença mais grave”. Ela alerta também para uso de medicamentos de venda livre, com fácil acesso nas farmácias. “Nenhum medicamento é específico, eles têm receptores em várias áreas do corpo e isso pode trazer riscos, piorando alguma particularidade do organismo do indivíduo. Por exemplo, tomar um remédio para curar uma dor de cabeça e acabar afetando o estômago”, completa a coordenadora.

Outro ponto importante é o consumo de álcool em conjunto com medicamentos. Tal prática pode sim interferir na eficácia, já que o álcool interfere na absorção, comprometendo o tratamento. “O álcool pode agir como indutor ou inibidor enzimático, potencializando ou tirando o efeito do medicamento. No caso de medicamentos ansiolíticos, que agem no sistema nervoso central, o risco é ainda maior”, alerta Edna.

Pessoas com doenças crônicas, como por exemplo hipertensão ou diabetes, devem ter atenção redobrada. O uso de medicamentos sem prescrição pode causar uma interação medicamentosa com os remédios de uso contínuo, resultando na potencialização ou corte do efeito, agravando o quadro clínico.

Nenhum remédio é livre dos efeitos colaterais. Cada remédio possui uma composição e, portanto, efeitos colaterais diferentes. A manifestação desses efeitos varia de organismo para organismo, podendo ou não se manifestar de forma extrema. É muito importante alertar o médico sobre alergias e outros problemas de saúde, e sempre ler a bula dos medicamentos antes do consumo. “Somente um profissional pode dar as orientações corretas de consumo, garantindo segurança e eficácia”, finaliza Galazi.

O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos aconteceu no último domingo, 5 de maio, e serviu como alerta para os riscos da automedicação Aproveitando a data, os farmacêuticos do HEUE irão orientar pacientes e acompanhantes nas enfermarias da unidade ao longo da desta segunda-feira (06), sobre o uso racional dos medicamentos, focando nos horários, dosagens certas e na importância em seguir as orientações médicas.

Dicas

Os medicamentos líquidos fazem efeito mais rápido do que os em comprimidos e capsulas, porém, dissolver um remédio em água não o torna mais eficaz. Isso porque, dependendo da composição, pode machucar a região da boca e garganta.

Tomar remédios em jejum deve ser feito apenas com orientação médica. Alguns medicamentos possuem um teor de acidez muito elevado, que pode contribuir para uma intolerância gastrointestinal.

No caso de esquecimento do horário do medicamente, dobrar a dose não fará o mesmo efeito. O ideal seria esperar o próximo horário e voltar a tomar corretamente. No caso dos antibióticos é importante seguir à risca a prescrição e nunca se automedicar. O intervalo entre os horários é chamado de meia-vida, tempo em que a concentração do remédio cai pela metade. Se ingerir antes do horário, haverá o risco de intoxicação, e se ingeridos depois, a bactéria pode criar resistência. Por isso, é muito importante escolher um horário que se adeque a rotina para não prejudicar o tratamento.

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