Classe Hospitalar do Hospital Metropolitano expõe vivências pedagógicas desenvolvidas com crianças internadas

Para celebrar a conclusão do ano letivo, a Classe Hospitalar do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua (PA) promoveu um momento de culminância, na última sexta-feira, 07/12, com a exposição de todas as atividades escolares desenvolvidas pelos pequenos pacientes que estão ou estiveram internados na pediatria da Unidade em 2018. 

A II Mostra de Saberes da Classe Hospitalar do HMUE recriou no hall da recepção principal do Hospital, as páginas do livro “A Menina Árvore”, do autor paraense Daniel da Rocha Leite, que conta a história da menina que sonhava em ser árvore e que, durante o sono, acorda para viver este sonho. 

Morador da Colônia Jacamim, em Capitão Poço (PA), Otávio Costa Viana, de 11 anos, não tinha muito o hábito da leitura por falta de acesso aos livros, mas sempre foi uma criança curiosa, que gosta de aprender coisas novas. Um acidente enquanto jogava bola com os amigos em Jacamim, no Pará, o fez chegar até o Hospital Metropolitano, no mês de agosto, para tratar a fratura na perna e, com isso, ter que ficar um tempo longe da escola. 

Mas o longo tempo de internação não foi motivo para esquecer dos estudos. Na Classe Hospitalar do HMUE – que é gerido pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato de gestão com o Governo do Estado do Pará -, Otávio deu continuidade às atividades escolares, que contribuíram não somente para que ele não perdesse o ano letivo, mas também para mostrar um mundo de aprendizados e descobertas por meio das diversas áreas de conhecimento; como raciocínio lógico matemático, o estudo da sociedade, códigos e linguagens.

Assim como ele, diversas crianças que passaram por internação no HMUE, foram envolvidos no projeto pedagógico da Classe Hospitalar “Acorda para o sonho”. “O projeto foi trabalhado em sala de aula ao longo do ano e as atividades feitas pelos alunos compõem todo esse cenário lúdico. É a história do livro materializada pelas mãos e imaginação das crianças”, destacou a pedagoga Leonice Cardoso, da Classe Hospitalar do Metropolitano, que atendeu, em média, 50 alunos por mês, em 2018.

Vivências pedagógicas 

A história envolvente do livro fez fluir a imaginação dos alunos. O pequeno Otávio, que segue em tratamento no HMUE para se recuperar da fratura na perna, exibia orgulhoso a tela com um dos desenhos que fez a partir da história do livro e contou que, depois de leu a obra, também teve um sonho parecido. “Sonhei que eu era uma bananeira e que um macaquinho e outros animais vinham me pedir fruta, pois estavam com fome. Eu me sentia muito feliz em ser uma árvore e poder alimentar os animais”, lembrou o menino.

Todos os trabalhos produzidos tiveram o toque das mãos dos alunos e, também, dos familiares que os acompanharam durante a internação, como flores de papel, modelagem de pássaros feitos com jornais, mosaicos em caixas de papelão, telas com desenhos utilizando técnicas mistas, um livro gigante que mostrou a trajetória das atividades, jogos educativos, a reprodução da timeline de uma rede social e muito mais. Tudo foi elaborado de forma sustentável, utilizando materiais reciclados do próprio Hospital.

O momento teve a presença do ilustrador do livro Maciste Costa, que representou o autor da obra, Daniel da Rocha Leite, que mora em Portugal, onde faz Doutorado. Em outubro, Daniel participou do I Encontro de Escritores da Classe Hospitalar do HMUE e pode ver parte do trabalho desenvolvido em sala de aula inspirado em seu livro.

“A literatura tem o poder de aproximar as pessoas, deixar o mundo mais belo, amenizar as coisas ruins, que acontecem na nossa sociedade. É emocionante ver que a história maravilhosa do livro, por meio do projeto da Classe, foi capaz de transformar e trazer mais alegria para a vida das crianças hospitalizadas”, declarou o ilustrador Maciste.

A Coordenadora da Classe Hospitalar do HMUE, Ilma Gomes, considera que as crianças têm tido a oportunidade de vivenciar um trabalho de qualidade feito pela equipe, que é composta por professores da Secretaria de Educação do Estado do Pará (Seduc). “Aqui podemos desenvolver e aprofundar técnicas de ensino que muitas vezes não conseguimos fazer numa escola regular, então o aprendizado que os alunos adquirem aqui tem mostrado grandes benefícios para o desenvolvimento motor e intelectual deles, o que contribui diretamente na recuperação”, ressalta Ilma.

Para o diretor Hospitalar do HMUE, Itamar Monteiro, estes resultados são reflexo do comprometimento dos professores, que não medem esforços para cuidar e educar as crianças da Unidade. “Sabemos que não é fácil ver uma criança internada, num longo processo de tratamento, mas queremos atender da melhor maneira e, para nós, a educação tem papel fundamental para amenizar os impactos da hospitalização. Uma missão tão especial como esta tem que ser sempre valorizada”, concluiu o diretor.

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