Métodos assistenciais inéditos no Norte aperfeiçoam atendimento no Hospital Metropolitano

Dois novos processos de trabalho assistencial implantados no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) têm ajudado a melhorar o atendimento prestado aos pacientes da unidade, em Ananindeua (PA). Trata-se da medicina hospitalar e do primary nurse, enfermeiro principal em tradução livre, que são duas iniciativas que estreitam os laços entre os profissionais de Medicina e Enfermagem com os usuários internados no Metropolitano.

A unidade é a primeira na região Norte a oferecer este tipo de cuidado, em que as características estão inseridas no manejo centrado no paciente. Os novos processos de trabalho, amplamente difundidos em hospitais norte-americanos, foram implantados há três meses no HMUE. A adoção dos chamados médicos hospitalistas na unidade, que é referência no tratamento de trauma e queimados na região metropolitana de Belém (PA), atende a especificidades que o categorizam como um hospital cirúrgico.

Ao implantar a medicina hospitalar, o HMUE, gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, segue a tendência de concentrar nos profissionais da área de assistência aos pacientes cirúrgicos em uma modalidade denominada de co-manejo clínico-cirúrgico. Seis profissionais fazem parte da equipe que iniciou o projeto. “Foi decidido em primeira instância selecionar clínicos com perfis adequados ao escopo da especialidade com a definição concomitante da especialidade de Ortopedia, que tem o maior número de atendimentos na instituição”, explicou o diretor Técnico, Claudio Nunes.

O gestor considera o projeto inovador, por este apresentar características consideradas disruptivas quando comparadas aos modelos tradicionais de assistência. “Já se observam impactos iniciais em resultados relacionados a tempo médio de permanência hospitalar, tendo queda deste tempo em torno de 70% do que existia”, acrescentou.

Um dos profissionais que trabalha nesta nova forma de manejo dos pacientes é o médico Alisson Correa, com especialidade em clínica geral e pós-graduação em endocrinologia. Ele destaca a busca do bem-estar do paciente nos atendimentos feitos pela equipe. “Fazemos uma anamnese mais detalhada, exames físicos aprofundados para conhecer a fundo o paciente e evitar intercorrências. Com este manejo evitamos complicações e fazemos com que o paciente tenha uma assistência digna na sua integralidade”, analisou.

O médico ressaltou ainda o caráter agregador que, tanto o projeto dos hospitalistas, quanto o primary nurse trazem ao entrosamento das equipes. “A medicina hospitalista é um projeto pioneiro do Hospital Metropolitano e busca melhorar a assistência ao paciente e, também, o relacionamento com as equipes multiprofissionais”, afirmou. O fator agregador também é sentido pelos profissionais que participam do modelo assistencial de primary nurse que tem um papel estratégico na organização dos trabalhos da equipe de enfermagem. “A função do primary nurse é cuidar do plano de cuidado do paciente, olhar esse paciente como um todo e traçar o plano que será executado em 24 horas”, explicou a enfermeira Nellyane Ferro, primary nurse da Clínica Ortopédica I.

Traçado o plano, o enfermeiro principal repassa os apontamentos aos enfermeiros associados e técnicos de enfermagem que executam a programação. A enfermeira Nellyane disse que o método de trabalho do enfermeiro principal funciona, porque há o auxílio de outros profissionais da mesma área. “Anteriormente tínhamos dois profissionais de seis horas que dividiam o plano terapêutico do paciente em dois horários. Eram traçados planos diferentes e o mesmo enfermeiro que prescrevia também executava o plano”, disse.

Com a novidade, os enfermeiros passam a ter tarefas específicas e os usuários passam a saber a quem se dirigir, com quem conversar e tirar eventuais dúvidas sobre seu plano terapêutico. A diretoria Assistencial, Ivanete Prestes Roberti, contou que o método de primary nurse em conjunto com os médicos hospitalistas trouxe resultados positivos, como a aumento da rotatividade de leitos. “Temos outras propostas como a redução no número de incidentes e redução de custos”, adiantou.

Responsável pela implantação dos projetos na unidade, a médica do Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP), Nelma Machado, explicou que o aumento do giro de leitos constatado nos primeiros meses de aplicação dos dois métodos de trabalho permite que a unidade receba mais pacientes. “Quanto menos um paciente fica em um leito, mais pacientes poderão utilizar aquele leito, fazendo com que o hospital sirva ainda mais à sociedade”, contou.
Nelma falou de outro ponto obtido nos meses iniciais da medicina hospitalar e do primary nurse. “Tivemos redução nas complicações de pacientes em pós-operatório e isso foi verificado especialmente nos pacientes idosos. Além disso, tivemos a redução do tempo de permanência do paciente internado na unidade de nove para seis dias no mês de junho”, informou.

Cuidado individualizado

Paciente internada no HMUE desde o dia 12/7, a frentista Larissa Maria Alves de Souza, 23 anos, tem recebido o cuidado terapêutico provido pelos médicos hospitalistas e primary nurse. Vítima de um acidente de motocicleta na cidade de Castanhal, no nordeste do Pará, a jovem teve fraturas no fêmur e tornozelo, além de fratura exposta na tíbia. Ela recebe diariamente a visita da médica hospitalista Roberta Colares Tavares e tem seu plano terapêutico prescrito pela enfermeira Nellyane Ferro.

O contato diário com as profissionais permitiu que a jovem sanasse todas as dúvidas relativas ao tratamento. Larissa relembra que foi a médica Roberta Tavares quem constatou a existência de uma anemia nela. “Ela me explicou todos os procedimentos que eu teria de fazer. Sempre esclareceu os resultados dos exames, se melhorei, se não melhorei e me deu respostas sobre as medicações”, apontou.

Nellyane lembra uma particularidade da paciente, que o cuidado empregado no método primary nurse foi capaz de atender. “Com a Larissa estabelecemos cuidados para que ela não desenvolvesse lesões por pressão durante o processo de internação e contemplamos também sua religiosidade. É uma paciente, que por conta da religião, não recebe transfusão de sangue e o primary nurse em conjunto com o médico hospitalista avaliou isso. Fizemos um plano terapêutico individualizado para que ela pudesse ser submetida a cirurgia apesar das restrições da religião”, finalizou.

Voltar para o topo da página - Pró-Saúde