Horta orgânica reforça alimentação saudável no Hospital Metropolitano

A preocupação com a alimentação saudável, livre de agrotóxicos e adubos químicos, vem aumentando nas primeiras décadas do século XXI. É nesse contexto que começam a ser adotados os alimentos orgânicos, produzidos com técnicas que respeitam o meio ambiente e visam a qualidade de vida de quem os consome. O Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua (PA), implantou uma horta orgânica para pôr em prática os princípios da alimentação saudável e sustentabilidade.

A unidade, gerenciada pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), chega à sua terceira colheita de hortaliças em 2018, após meses de preparação e esforços dos colaboradores do Serviço de Higienização e Limpeza (SHL), que trabalharam na implantação e, agora, são os responsáveis pelo plantio, manutenção e colheita no espaço.

O primeiro passo da horta foi dado ainda em 2017, quando os participantes da Semana Multiprofissional do Hospital Metropolitano participaram de uma gincana para arrecadar garrafas PET. Na ocasião, mais de 200 recipientes foram coletados. Meses depois o material virou espécies de vasos que ficam suspensos no interior da horta e abrigam hortaliças e temperos. Completam o espaço, temperos plantados em bombonas – recipientes utilizados para armazenamento de insumos de lavanderia -, que após a correta higienização também são utilizados como vasos.

Diretor de Apoio e coordenador de Sustentabilidade do Hospital Metropolitano, Benjamin Ferreira Neto, explicou que o espaço surgiu do potencial que a unidade possui para questões relacionadas à sustentabilidade. “Com a horta orgânica podemos fomentar a coleta de insumos que seriam descartados e o resultado deste ciclo é aproveitado em nosso serviço de nutrição”, destacou.

Com um investimento inicial de apenas R$ 300, utilizado para custear a aquisição de sementes e da tela de alta qualidade usada na proteção do sol e da chuva, a horta do HMUE já produz itens como alface, cheiro verde, chicória, couve, pimentão e pimenta malagueta. Todos esses alimentos já são usados na produção de refeições para os colaboradores e usuários da unidade.

Sustentabilidade

Ao promover a sustentabilidade sob o viés ambiental, com uma plantação que não utiliza aditivos químicos, a unidade também se volta para o viés econômico, já que a produção local ajuda a minorar custos mensais que a Pró-Saúde tem com a aquisição de gêneros alimentícios para o HMUE. “Ao plantar hortaliças sem insumos agrotóxicos, totalmente orgânicas, nós também temos a possibilidade de diminuir a compra de hortifrúti, que costumam ter valor alto. Começamos com salsinha, alface e outros temperos, como todo mundo começa uma horta caseira”, falou.

O coordenador do SHL, Izailson Alves Tenório, contou que, ao optar pelo uso de insumos naturais para a preparação da terra, respeita-se o ciclo natural de produção dos alimentos. “Isso é o contrário do que é feito em horas convencionais, onde o uso intenso de agrotóxicos influencia diretamente no tempo entre uma colheita e outra”, ressaltou. A terra é adubada com fertilizantes de origem vegetal produzidos por meio de compostagem na própria unidade. “O Serviço de Nutrição e Dietética (SND) faz a segregação do resíduo gerado nas refeições e o separa por origem: animal e vegetal. Nós utilizamos o de origem vegetal. Corrigimos a acidez com calcário dolomítico e encaminhamos o adubo natural para a horta”, explicou.

Agora, a horta do Hospital Metropolitano passa pelo teste de adaptação ao inverno amazônico, marcado por chuvas intensas, umidade e altas temperaturas. Além de se atentar à questão climática, a equipe do SHL tem outra missão: manter vetores como insetos e roedores longe da plantação.

O cuidado é exigido por leis da área da saúde e monitorado constantemente pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). “O nosso desafio é manter a horta e fazer o processo orgânico de compostagem sem descumprir a legislação. Manter uma horta dentro de um hospital é trabalhoso”, disse.

O jardineiro Romilson da Conceição é um dos profissionais que cuida diariamente das hortaliças do espaço. Segundo ele, a lida diária com a plantação serve como uma terapia. “É bom trabalhar na horta, estamos na fase de plantar mais mudas. Já temos couve, alface, pimentão e cheiro verde”, orgulha-se. O papel do jardineiro não se resume apenas a plantar os vegetais. Após a colheita, os produtos vão para o prato de Romilson, além de colaboradores e usuários da unidade. “Já estamos almoçando saladas com as hortaliças feitas aqui. É gostoso, fresquinho e sem produtos químicos, tudo natural”, falou.

Qualidade de vida

Para a nutricionista do SND, Lana Canuto, a iniciativa de servir alimentos orgânicos para os usuários e colaboradores ajuda a melhorar a qualidade de vida destas pessoas. “A horta orgânica é livre de produtos químicos, tendo vegetais mais adequados para o consumo dos nossos colaboradores e pacientes”, afirmou. Entre os benefícios do consumo de orgânicos estão o maior valor nutricional do alimento, produção que valoriza a mão de obra do produtor e o cuidado com o meio ambiente, evitando a contaminação da água e do solo com defensivos e fertilizantes agrícolas industrializados.

Paulo Czrnhak, diretor Operacional da Pró-Saúde no Pará e coordenador do programa de Sustentabilidade no Estado, explica que a intenção da entidade é fomentar a cultura sustentável nas unidades que gerencia. “Acreditamos que o diferencial do sistema de saúde está na prevenção. Por isso, investimos em ações de educação em saúde, e sustentabilidade para que possamos prevenir doenças e promover uma melhor qualidade de vida. A Pró-Saúde investe na promoção do bem-estar por meio de ações sustentáveis”, explicou.

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