Santarém: número de doações de órgãos em 2017 é quase o total dos anos anteriores

De 2012 (quando iniciaram as captações de órgãos em Santarém) a 2016, houve nove doações de múltiplos órgãos. Em 2017, até o mês de agosto, já haviam sido realizadas oito captações. Uma das explicações para a diminuição das negativas familiares para doação foi o início do programa de transplantes do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em novembro de 2016.

Até o momento, em dez meses, a unidade de saúde já realizou 11 transplantes. Apesar da modalidade do procedimento ser diferente – entre vivos -, a nova realidade estimula a população a doar órgãos. Desde a implantação da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital Regional, já foram captados 77 órgãos e tecidos, sendo: 33 córneas, 32 rins, oito fígados e quatro corações.

Existem dois tipos de doadores: os doadores vivos e os doadores falecidos. Entre vivos, são feitos diversos exames para se certificar de que o doador esteja saudável e possui rins com bom funcionamento. Também é avaliado o risco da realização da cirurgia. É preciso que o doador vivo manifeste o desejo espontâneo e voluntário de ser doador. A comercialização de órgão é proibida.

É o caso de Ediane dos Santos, de 34 anos, que doou um dos rins para que a irmã fosse transplantada. “Eu incentivo a quem deseja doar, que faça isso para salvar a vida do seu ente querido. Não dói nada, não custa nada. Eu, em momento algum hesitei ou tive dúvidas. Agora estou me sentindo lisonjeada por estar dando uma nova chance de vida para ela. Só de ver que ela está bem, para mim é tudo. Porque não é fácil para quem faz diálise. A máquina, todo dia, leva um pouquinho de quem faz o tratamento”, conta a dona de casa que mora em Manaus.

A irmã, Helen, de 39 anos, fez hemodiálise por três anos. Ao longo desse tempo, ela realizava sessões de quatro horas de diálise durante três dias por semana. “Era muito ruim, eu vivia passando mal. Mas, graças a Deus, agora estou bem. É uma emoção tão grande em receber. Ela me tirou da máquina. Por isso eu peço que as pessoas doem para o seu próximo, que faz muito bem”, conta.

O transplante de Helen, que ocorreu dia 19/9, foi o 11º realizado pelo Hospital Regional de Santarém – público e gratuito, pertencente ao Governo do Pará e gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato  com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Já no caso de doadores falecidos, é preciso que tenha o diagnóstico de morte encefálica, com padrões definidos pelo Conselho Federal de Medicina. Para que a doação seja concretizada, a família do doador deve autorizar o procedimento. Por isso é importante expressar, em vida, o desejo de doar órgãos e tecidos. A recusa familiar tem sido fator impeditivo para que mais doações aconteçam. Documentos por escrito deixados pelo paciente não são aceitos pela lei.

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o Brasil tem mais de 33 mil adultos e crianças na fila de espera por um transplante. Em 2016, além do início do programa de transplante, o HRBA também começou a realizar as captações de órgãos com equipe própria. Como a unidade ainda não está habilitada para o transplante com doador falecido, as captações são disponibilizadas para outras unidades que realizam, seguindo a lista estadual.

Para que o transplante possa ser realizado com sucesso, é preciso contar com equipes capacitadas e correr contra o tempo. Os órgãos não podem ficar muito tempo fora do corpo. O coração, por exemplo, deve ser implantado num prazo de 4h. O plano logístico traçado pode ser determinante. Por isso, o Hospital Regional trabalha para conseguir realizar essa modalidade de transplante na unidade, criando uma lista regionalizada. “Não é só uma conquista do hospital, é uma conquista do Oeste do Pará, do estado e até da federação, porque quanto mais unidades estiverem transplantando, maior é a possibilidade de se ter um efeito na vida dos pacientes, permitindo que esses pacientes saiam da diálise e consigam ter uma vida melhor e mais adequada”, diz o cirurgião Marcos Fortes.

Setembro Verde

A Organização de Procura de Órgãos do Hospital Regional intensifica o tema de doação de órgãos durante a campanha Setembro Verde, realizada anualmente em todo o país. A fachada do hospital recebeu a iluminação verde, no dia 1º. No dia 22, foi montado um espaço no hall do elevador para chamar a atenção do público interno para a temática. A ideia foi de conscientizar e tirar dúvidas de quem passasse pelo local, além de compartilhar conhecimento com profissionais de saúde. Na quarta-feira, 27, foi lembrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. O HRBA realizou uma blitz em frente à unidade. 

O coordenador da OPO, médico Antônio Carlos, falou sobra a necessidade de falar sobre o tema. “Durante este mês do doador de órgãos, promovemos várias atividades para informar a população e mostrar a importância da doação. Demonstramos, também, como é realizado todo o processo, desde a constatação da morte até o processo de captação. O objetivo foi de compartilhar conhecimento com profissionais de saúde e sensibilizar o público em geral”, finaliza.

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