Palestra no HU aborda o empoderamento da mulher e os desafios culturais da amamentação

“Não devemos pensar na importância da amamentação somente nesta semana, mas em sua importância durante toda uma vida”, definiu a enfermeira Maria Manoela Duarte Rodrigues, consultora em Amamentação e educadora perinatal, durante a palestra de abertura da Semana Mundial de Aleitamento Materno, realizada na manhã desta terça-feira (1º/08) no Hospital Universitário de Jundiaí (HU). Na plateia, colaboradores do hospital e convidados, interessados no assunto. A programação vai até o dia 07/08.

O foco da palestra foi o tema “Amamentação: ninguém pode fazer por você. Todos podem fazer junto com você!” e incluiu informações relevantes, situações do cotidiano hospitalar e da vida materna, influência da mídia, aspectos culturais, encenação e muito mais. “Amamentação é um motivo justo, honesto e vital, que tem total apoio da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da ONU (Organização das Nações Unidas). Por isso, é importante a mobilização de todos os seres humanos, até mesmo daqueles que acham que não estão envolvidos no assunto”, disse a enfermeira. “E recentemente, em abril deste ano, foi instituído o Agosto Dourado, mês dedicado ao incentivo e ao apoio da amamentação por meio de uma lei federal”, complementou e comemora ela.

Para as mulheres, este é um avanço, um reconhecimento maior desta atitude de amor. “A mulher tem um superpoder, consegue manter vivo um bebê, uma vida, com um líquido que sai de seu peito. Isso é maravilhoso, é o nosso poder!”, disse Maria Manoela comparando as mulheres à personagem da Mulher Maravilha.

Cultural

A enfermeira Maria Manoela ressaltou que é preciso promover uma reflexão a respeito da cultura de amamentação, pois muitas vezes a mãe é induzida a não amamentar por uma série de fatores e nem se dá conta. “Há sempre comentários desfavoráveis, como: o seu peito vai ficar caído, vai doer, seu peito vai rachar, o leite é fraco e precisa complementar, vai virar as noites em claro como um zumbi e outros do gênero”, enumerou. “Por isso, as mulheres precisam buscar informações nos lugares corretos, como por exemplo, participar de rodas de conversa entre gestantes, que também contam com a participação dos pais, afinal amamentar exige apoio da família”, destacou.

Outra questão contraditória, mas muito comum é o chá de bebê. “Muitas pessoas no intuito de presentear acabam estimulando o uso da mamadeira e da chupeta, ao invés de apoiar a amamentação, afinal o leite materno é o alimento mais completo que há para a vida de um bebê”, explicou a enfermeira.

E como se não bastasse, há o apelo da mídia, que costuma ressaltar as propriedades dos leites de lata, como se fossem melhores que o leite materno. O que não é verdadeiro. De acordo com Maria Manoela, deveria haver maior rigor na publicidade. E ela lembra que a má influência começa logo que a menina nasce. “Me dei ao trabalho de procurar na internet diversos brinquedos que já ensinam as meninas, ainda pequeninas, a dar mamadeira e chupeta às bonecas. São muitas! Faz com que as mulheres tenham uma percepção incorreta do que é bom para o seu filho”, disse. “É preciso desenvolver parcerias e fazer um bom trabalho para desmistificar estes aspectos”, completou.

Na opinião da enfermeira, para romper conceitos antigos é preciso inovar. “Costumo trabalhar com as gestantes de uma maneira diferenciada, por meio de um bate-papo, com música, com atividades que chamo de amorização – que consiste em produzir um artesanato para o bebê, procuro tirar as cadeiras e se for o caso, sentamos no chão. A ideia é abordar a amamentação de forma que ela compreenda e sinta-se acolhida, sem o uso de termos que nem sempre elas conhecem”, explicoy.

Maria Manoela também defende que nas maternidades é importante que a equipe médica estimule o contato pele a pele entre mãe e bebê, permita que o bebê explore a mama após o nascimento, possa sanar dúvidas e apoiar a amamentação sem cobrança.

E quando o bebê vai para a casa e passa a conviver com a família, é importante saber que nem sempre quando ele chora quer dizer que está com fome ou dor de barriga. “Não precisa dar o peito toda vez que o bebê chora. No primeiro mês de vida, ele está passando por muitas adaptações, está fora do útero, a luz é diferente, os sons, cheiro e tudo mais. A única forma dele se comunicar é chorando, então, minha orientação é para que as mães não entrem em desespero”, sugeriu.

No encerramento da palestra, Maria Manoela instigou a ponderação. “É preciso deixar de pensar em que mundo vamos deixar para nossos filhos e refletir sobre que filhos vamos deixar para o mundo”, finalizou.

 

A programação continua

1º a 07 de agosto Exposição de fotos sobre o tema amamentação na recepção do HU e campanha interna com colaboradores para arrecadação de frascos de vidro com tampas de plástico para o Banco de Leite Humano.

02 de agosto – quarta-feira

13h30 e 19h30: Shantala com a equipe do Senac

04 de agosto – sexta-feira

08h: Shantala com a equipe do Senac

07 de agosto – segunda-feira

14h: Encerramento com encontro de gestantes (aberto ao público)

Local: Anfiteatro do Hospital Universitário de Jundiaí – Praça da Rotatória s/nº – Jd. Messina – Jundiaí – SP

 

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