Oncológico Infantil inicia campanha para consumo mais sustentável de energia

O Comitê de Sustentabilidade do Hospital Oncológico Infantil Octavio Lobo iniciou esta semana sua campanha pela economia e pelo uso mais responsável de energia elétrica no hospital de Belém. Desde segunda-feira, 10/4, a ação 'Consumo consciente de energia: sua atitude faz a diferença!' está visitando vários setores do hospital. A primeira etapa de sensibilização irá até o final deste mês.

A ação está envolvendo os colaboradores do hospital em abordagens nos ambientes de trabalho e também com a fixação de adesivos e cartazes que incentivam a economia de energia – próximos a tomadas, interruptores e aparelhos como computadores e centrais de ar condicionado.

Crianças e jovens atendidos pelo hospital também estão passando pelos setores do hospital para mobilizar adesões. Na sala de aula do quinto andar do Oncológico – montada para que sigam seus estudos, mesmo em tratamento, pelo projeto Prosseguir, mantido em parceria com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) -, eles assistiram palestra e vídeo sobre o uso responsável da energia.  

A meta estabelecida pelo Comitê de Sustentabilidade do Hospital Oncológico Infantil é reduzir em 10% o custo operacional geral do hospital nos próximos seis meses. E isso inclui, além de gastos com energia e água, também diversos outros programas e ações voltadas para tornar mais verdes os fluxos de trabalho e atendimento do Oncológico, hospital que é referência em tratamento do câncer para cerca de 650 crianças e jovens no Pará – e também é o maior núcleo de atendimento voltado a essa clientela em todo o Brasil, em volume de serviços.

Pertencente ao governo do Pará e gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato firmado com a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), o Oncológico Infantil realiza cerca de 550 consultas por mês, além de 2.500 sessões mensais de quimioterapia. O hospital oferece ainda atendimento em urgência e emergência oncológicas.

Em seus 89 leitos disponíveis – dez destinados à UTI -, o Oncológico tem médias de ocupação que variam entre 100% e 80%. Ao todo, são cerca de 110 internações a cada mês. Os 79 leitos restantes, fora da UTI, têm uma rotina com média de 18 dias de internação.

Hospitais sustentáveis – A campanha do Oncológico Infantil é parte de um esforço maior do hospital para cumprir várias metas estabelecidas pela instituição na área de sustentabilidade. Ainda no ano passado, o hospital firmou compromissos com a rede Hospitais Verdes e Saudáveis, com o Desafio 2020 e com o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). Além de reduzir em 20% a emissão de gases ligados ao efeito estufa, o hospital também firmou metas de qualidade para diminuir o seu consumo operacional e a produção de resíduos.

Após criar seu comitê de sustentabilidade, o Hospital Oncológico Infantil já deu início à elaboração de um plano diretor e também de sua política de sustentabilidade – documentos que estabelecem diretrizes para gestão, meio ambiente, público interno, pacientes, sociedade e fornecedores. Além disso, o Oncológico já prepara seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, nos moldes estabelecidos por certificação conferida pela organização internacional Global Reporting Initiative (GRI). O relatório, a ser publicado ainda em 2017, se refere às atividades do hospital em 2016.

O primeiro passo para isso foi a elaboração, no fim de março, de uma pesquisa de engajamento junto a colaboradores, fornecedores e usuários atendidos pelo hospital. A pesquisa se debruçou sobre aspectos econômicos, ambientais e sociais.

Reconhecida como um núcleo de colaboração do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a organização internacional Global Reporting Initiative (GRI) foi criada, a partir de uma reunião de investidores em Amsterdã (Holanda), com o objetivo de elevar e qualificar as práticas de relatórios de sustentabilidade de empresas – de modo que esses documentos alcancem padrões e níveis de credibilidade e aferição equivalentes aos dos relatórios financeiros publicados por várias instituições e empresas em todo o mundo.

Hoje, três hospitais públicos paraenses já adotam planos de gestão que incluíram os parâmetros GRI para serem estabelecimentos mais sustentáveis: além do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), também de Belém, já iniciaram ações nesse sentido. Todos são geridos pela Pró-Saúde, sob contrato firmado com a Sespa.       

Ao enfrentar desafios como o manejo e a redução de resíduos, o consumo de água e energia e a emissão de gases relacionados ao efeito estufa, a meta do Oncológico é minimizar impactos de suas atividades para o ambiente e também controlar melhor fatores que agravam as mudanças climáticas – um problema já apontado por especialistas como o maior desafio à saúde no século 21.

Mudanças – Quanto mais sustentáveis, mais os hospitais podem oferecer serviços melhores e com mais qualidade, com menos riscos a pacientes, familiares e ao ambiente, e também a custos menores. A manutenção de hospitais sustentáveis pode custar até 35% a menos que as rotinas de hospitais convencionais, reitera o administrador Rodrigo Henriques, consultor que se especializou em gestão da sustentabilidade pela fundação Dom Cabral e hoje é membro da organização internacional Global Reporting Initiative

“Para um hospital, um projeto de sustentabilidade permite um alcance maior de ações de equilíbrio, tanto de performance financeira e envolvimento com a economia local, quanto na parte assistencial, desde práticas trabalhistas que respeitam e desenvolvem o trabalhador à prestação de um serviço ético e de qualidade. E isso tudo com respeito ao meio ambiente”, diz Henriques.

Os hospitais brasileiros hoje são responsáveis por 10,6% do consumo total de energia elétrica comercial no Brasil. Nos EUA, os prédios ligados à área de saúde ocupam a segunda posição entre os edifícios comerciais que mais consomem energia naquele país.

No Brasil, com medidas simples de economia de energia adotadas, 101 Hospitais em São Paulo já diminuíram em 25% o consumo de energia. Na Índia, o mesmo esforço já resultou em uma redução de 812 mil kW nos gastos com energia no hospital Sir Jamshedji Jeejeebhoy, em Mumbai – o que representou uma economia de US$ 90 mil.

Na Itália, o Hospital Pediátrico Meyer, de Florença, consome 35% da energia de hospitais convencionais. Sua solução vem de um projeto arquitetônico verde que valoriza a iluminação natural e sistemas eficientes de ventilação. Em Singapura, a arquitetura de outro estabelecimento verde de saúde, o Hospital Geral Changi, permite redução de consumos de eletricidade e água que geram uma economia de US$ 800 mil ao ano.

“Além de instrumentos para que possamos refletir mais amplamente sobre nossos impactos nos pilares da sustentabilidade, que são o econômico, o ambiental e o social, o fortalecimento da gestão em hospitais que buscam essas mudanças também é um ganho. Representa a busca de excelência da qualidade de atendimento e também da redução de riscos para trabalhadores, pacientes e suas famílias, e também para a sociedade em geral”, ressalta Alba Muniz, diretora-geral do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo.

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