Primeiros vacinados no Hospital Metropolitano relembram perda de parentes e amigos: “dor e esperança”

Profissionais que receberam as doses foram selecionados de acordo com o Plano Estadual de Imunização

“Uma dose de esperança”. É como a médica Jamile Rocha define o momento em que recebeu a vacina contra o novo coronavírus. A ação ocorreu na tarde desta quarta-feira, 27, quando teve início a vacinação de profissionais que atuam no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua (PA).

Jamile atua no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do hospital, unidade do Governo do Pará, sob gestão da Pró-Saúde, por meio de contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa).

Em junho de 2020, a médica perdeu a tia, de 40 anos, para a Covid-19, e define, com poucas palavras, como o momento foi difícil: “pior dia da minha vida”. Mas, a notícia de que seria uma das primeiras profissionais a ser vacinada no HMUE trouxe esperança.

“Agora estou mais aliviada. O medo do trabalho, de não ter esperança, era desesperador. Esse momento é maravilhoso, pois mostra que estamos chegando cada vez mais perto de acabar com a pandemia”, declarou.

Para realizar a imunização dos profissionais, o Metropolitano montou uma força tarefa para garantir o atendimento de todos sem aglomerações. O auditório principal foi escolhido para receber os funcionários, obedecendo todas as medidas de segurança da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Luz no fim do túnel

Outros quatro profissionais foram escolhidos para receberem as primeiras doses da vacina. Josiete Nazaré Corrêa, de 50 anos, foi a primeira técnica de enfermagem a ser imunizada.

Atuando no Hospital Metropolitano há 12 anos, ela lembra que dois amigos próximos faleceram vítimas da pandemia. “É desesperador ver a morte tão perto de você, ainda mais quando se trata de pessoas que amamos”, lamentou. “Hoje estou sendo imunizada e eu dedico esse momento a eles”, completou Josiete.

Entre os meses de abril e junho, o Hospital Metropolitano foi referência para casos da Covid-19, atendendo 184 pacientes. A estrutura de atendimento dedicada exclusivamente para atendimento de casos da doença contou com quase 100 colaboradores, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeuta, psicólogos e serviços gerais.

A fisioterapeuta, Raiza de Araújo Nascimento, atuou por três meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) voltada exclusivamente para atendimento de casos graves da doença. Para ela, a imunização representa o início de uma vitória. “Vi pacientes saindo recuperados e outros que, infelizmente, perderam essa luta. Ainda vivemos momentos difíceis. Ser vacinada é emocionante, representa o início do fim de uma guerra”, afirmou emocionada.

Com o cartão de vacinação em mãos, a fisioterapeuta da linha de frente da assistência resume o momento com uma palavra: “emoção”.

Nos próximos dias, serão vacinados outros 497 profissionais do HMUE, que atuam diretamente no atendimento de pacientes. A diretora hospitalar, Alba Muniz, ressalta que todos serão vacinados. “Os demais profissionais serão vacinados nas próximas etapas, obedecendo o Plano Estadual de Imunização, que dá prioridade do imunizante aos profissionais mais expostos a contaminação da Covid-19”, pontuou.

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