Segundo o Instituto Promundo, organização não governamental que visa a equidade de gêneros, em 2019, 83% dos pais brasileiros brincavam com seu(s) filho(s). Entretanto, cuidados como cozinhar e dar banho, eram atividades realizadas, respectivamente, por apenas 46% e 55% deles.
Apesar da gravidez ocorrer apenas no corpo materno, ela não é um processo de responsabilidade individual. Isso porque, além do pai estar envolvido desde a concepção, ele também influencia na saúde da mulher durante o período de gestação, e no desenvolvimento do bebê.
Daniella Dias, psicóloga da Pró-Saúde que atua no Hospital Materno-Infantil de Barcarena, no interior paraense, destaca que a participação paterna reflete diretamente na construção psíquica e cognitiva do bebê. “O recém-nascido já está se desenvolvendo socialmente desde o nascimento. Existem estudos que comprovam o reconhecimento da voz paterna desde a vida intrauterina, e o bebê pode sentir-se seguro quando reconhece essa voz”, explica.
Na unidade paraense, que é referência para gestações de alto risco no Baixo Tocantins, os pais são inseridos em atividades ao longo do processo de internação, como grupos de orientação de cuidados com o bebê, aplicação do método canguru e principalmente, no apoio à amamentação, para criar e encorajar a criação de uma rede de apoio à nova mamãe.
“Estudos demonstram que o apoio do companheiro permite que o período de amamentação, essencial para a imunidade do bebê, transcorra de forma mais prazerosa e duradoura para mãe e filho”, lembra a psicóloga.
Muitas vezes, o período gestacional é uma fase repleta de inseguranças, medos, dúvidas e cobranças, por isso, é preciso entender que a mulher não amamenta sozinha. “Ela precisa de uma rede de apoio, que conta com a figura paterna para oferecer cuidados com o bebê, suporte emocional e escuta”, complementa Yara Rodrigues, gerente de Enfermagem do Hospital Bom Pastor (HBP), unidade da Pró-Saúde localizada em Guajará Mirim, que atua como referência em ginecologia e obstetrícia, sendo a única maternidade da região.
Além de interferir positivamente no desenvolvimento da criança através do aleitamento, a paternidade ativa também fortalece o vínculo afetivo entre o casal, promovendo confiança para a parceira durante esse período. “Considerando as alterações hormonais da mulher na gravidez, a postura proativa e empática do pai é capaz de gerar um bem-estar físico e emocional na mãe”, ressalta Yara.
Além disso, o apoio em atividades domésticas e do cotidiano são essenciais para aliviar a carga excessiva de responsabilidade e evitar a estafa física e mental. “Quando a mãe tem apoio, diminuem os riscos psicológicos, o que proporciona um puerpério mais estável emocionalmente, e reflete de forma positiva no desenvolvimento do bebê”, enfatiza Daniella.
Exercendo a paternidade ativa
De acordo com o mesmo estudo publicado pelo Instituto Promundo, um dos principais desafios para a realização efetiva e afetiva da paternidade, é a falta de acompanhamento dos pais nos exames de pré-natal das mulheres.
“A paternidade ativa faz parte de um conjunto de ações para o cuidado físico e emocional do filho. Por incluir orientações, o acompanhamento do pai nos exames de pré-natal é essencial para que ele possa manter-se informado sobre a saúde do bebê e da mãe, apoiando a gestante”, destaca Yara.
Já a psicóloga comenta que “é comum recebermos queixas relacionadas a ausência paterna em decorrência do trabalho. Sempre reforçamos os auxílios sociais disponíveis, a importância do planejamento familiar e principalmente, de pedir ajuda quando necessário. O cuidado também é responsabilidade do pai”.
Confira outras ações que podem ser praticadas para exercer a paternidade ativa:
• Dividir as tarefas domésticas;
• Compartilhar as tarefas de cuidados com bebê;
• Ocupar-se com os demais filhos, caso tenha mais de um;
• Realizar exames preventivos, para manter-se saudável;
• É um direito da gestante ter um acompanhante antes, durante e após o parto. Caso ela queira, acompanhe-a.