Segundo o Ministério da Saúde, anualmente, pelo menos 1 milhão de pessoas sofrem queimaduras no País. A maioria delas acontece em casa e é causada por líquido inflamável ou quente e eletricidade. De 2013 a maio de 2016, o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua (PA), referência em traumato-ortopedia e queimados no Norte, atendeu mais de 2.000 usuários no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ). Mais de 80% dos acidentes poderiam ser evitados com cuidados simples. Este é o alerta dado em todo o Brasil nesta segunda-feira, 6 de junho, Dia Nacional de Luta Contra as Queimaduras.
Há quase dois meses, dona Maria Emília Costa acompanha a filha de 19 anos em tratamento no CTQ. A paciente teve parte do corpo queimado ao tentar acender uma lamparina em casa, na ilha Ajaraí, interior de Cametá, no nordeste do Pará. A vítima recebeu o primeiro atendimento em um hospital do município e, no mesmo dia, foi transferida para o HMUE, onde recebe os cuidados de uma equipe multidisciplinar. “Eu estou satisfeita com o atendimento. Aqui as pessoas são muito atenciosas e ajudaram bastante. Minha filha já passou por mais de cinco cirurgias. Quando ela chegou, estava toda queimada e agora está só uma parte do braço dela e um pouco no seio. Se não fosse o Hospital Metropolitano, não sei o que tinha acontecido com ela”, comenta dona Maria Emília.
Segundo o coordenador do CTQ, Mílvio Tavares Neto, a queimadura gera grande sofrimento para pacientes e familiares, além de necessitar de um tratamento longo. “Às vezes são pacientes que convivem com a gente para o resto da vida. Na infância faz cirurgias corretivas, depois na adolescência, continua fazendo cirurgia para minimizar as sequelas na fase adulta e assim por diante”, relata o cirurgião plástico. O médico também comenta sobre o perfil dos usuários. “A gente pega o paciente em todos os níveis de gravidade, de pequenos a grandes queimados com risco de vida. Alguns, infelizmente, não resistem. Outros a gente tem a felicidade de salvar e devolver para a sociedade de forma produtiva ou, infelizmente, com sequelas que limitam”, complementa.
Referência no Norte, o Centro de Tratamento de Queimados possui 22 leitos, sendo dois de Unidade de Terapia Intensiva, 18 de internação e dois de urgência. A estrutura também comporta bloco cirúrgico com duas salas. Em alguns períodos, devido à grande demanda, inclusive de pacientes do Centro-Oeste e Nordeste, o CTQ trabalha com taxa de lotação acima de 100%.
Para a médica Brenda Marques Rodrigues, que atua no CTQ há dois anos, o trabalho é gratificante. “O queimado é um paciente difícil por várias coisas, não só pela queimadura em si, mas também porque mesmo quando ele sai daqui bem, ainda vai enfrentar lá na frente uma vida com sequela, com cicatriz, mexe com o psicológico. Então, pela gravidade do quadro, é sempre muito gratificante quando a gente vê as pessoas indo embora bem e voltando felizes, levando a sua vida adiante. Assim como tem pacientes que ficaram na UTI gravíssimos e hoje estão voltando para o ambulatório, falando com a gente. Isso é muito gratificante para todos nós”, conta.
Classificação
As queimaduras são classificadas em primeiro, segundo, terceiro e quarto grau, dependendo da profundidade da lesão e danos causados ao tecido. A de primeiro grau afeta somente a epiderme e provoca vermelhidão. A de segundo grau atinge uma camada mais profunda da pele e provoca bolhas. Já a de terceiro grau pode atingir até os ossos, sendo muito grave. A queimadura de quarto grau é provocada por choque elétrico.
Prevenção
A melhor maneira de prevenir queimaduras é redobrar a atenção, em especial com as crianças que são as principais vítimas desse tipo de acidente. Por isso, tome cuidado com panelas no fogão, velas, tomadas sem proteção e instalações elétricas mal feitas. Além disso, evite tomar banho de sol no período das 10 às 16 horas.
Mas, se a queimadura ocorrer, não toque nem cubra o local atingido, nunca fure a bolha e jamais use produtos como manteiga, gelo e pasta de dente, porque pode piorar o ferimento. Lave a área com água corrente para amenizar a dor. Se as roupas estiverem em chamas, peça para a vítima rolar no chão e não tente desgrudá-las da pele.