Entender o contexto geral do paciente conduziu a gestão da Pró-Saúde na UBS Alto do Ipiranga

Após três anos de trabalho na unidade, instituição encerra contrato com a administração municipal nesta sexta-feira (23/8)

 

No Brasil, as unidades básicas de saúde (UBSs) são a porta de entrada do cidadão ao serviço público. É por meio delas que médicos conseguem entender todo o universo do paciente e, principalmente, por que ele buscou atendimento.

Esse entendimento conduziu praticamente toda a gestão realizada pela Pró-Saúde na UBS Alto do Ipiranga, a maior unidade de atendimento primário de Mogi das Cruzes (SP). Nesta sexta-feira, dia 23/8, após três anos, a instituição encerra a gestão da unidade.

“O grande cuidado que a Pró-Saúde teve durante esse tempo foi o atendimento humanizado — ou seja, ter uma compreensão ampla de como as pessoas vivem, o que elas fazem e, principalmente, porque buscaram atendimento médico”, explica a coordenadora da UBS Alto do Ipiranga, Vanessa Arruda.

Qualquer tipo de desconforto com a saúde, acrescenta a coordenadora, pode ser resultado de uma série de situações que envolvem hábitos dos mais diversos — desde alimentação, ritmo de trabalho, preocupações.

“Esse entendimento permite que o médico possa acompanhar o paciente durante toda a evolução de seu quadro clínico, incorporando nesse contexto de vida do paciente, atitudes de prevenção, ou seja, ensinar as pessoas a evitar doenças”, detalha Vanessa.

É justamente por isso que as Unidades Básicas de Saúde são estrategicamente distribuídas por vários bairros do município, para ficarem mais perto das famílias, conhecendo suas realidades distintas.

O diretor técnico da UBS Alto do Ipiranga, o médico ginecologista Sandro Fernandes Rodrigues, compara o serviço a um vizinho em que as pessoas podem confiar. “Essa é a maior UBS de Mogi, considerando o número de atendimentos e a estrutura física. Por meio de nosso atendimento, estabelecemos um vínculo, não apenas com os moradores do bairro, mas de toda a cidade, pois recebemos pacientes de várias regiões”, destaca.

Rodrigues ressalta que a Unidade desempenha um importante papel no suporte básico. “Realizamos a medicina preventiva. Temos pacientes que vêm quase diariamente, outros, uma vez por semana. Fazemos aferição de pressão, curativos. Passamos a conhecer os pacientes por nome e acompanhamos seu histórico médico de perto. Para ele também é um diferencial, pois se sente valorizado”, afirma.

A enfermeira Michele Diniz acrescenta que o atendimento humanizado reflete diretamente na saúde dos pacientes. “Buscamos acolher os pacientes desde o momento da recepção até a consulta. Esse vínculo ajuda na adesão ao tratamento e consultas. Um paciente hipertenso, por exemplo, que recebe esse acolhimento, vai fazer o controle mais rígido, tomará corretamente os medicamentos. Conseguimos trazer a pessoa para o serviço”, avalia.

O aposentado Joaquim Ribeiro de Souza, de 77 anos, frequenta a UBS Alto do Ipiranga desde que a Unidade foi inaugurada. “O atendimento de todos os setores é muito bom. Sempre procuro esta UBS quando preciso. Os funcionários já me conhecem”, conta.

A dona de casa Samira Menezes Gallo Reis, 39, realizou todo o pré-natal na UBS. “A melhor coisa é que tive a oportunidade de ficar durante toda minha gestação sendo acompanhada pelo meu médico. Isso dá mais tranquilidade”, diz.

Casos como o de Samira confirmam a importância que a UBS exerceu para a comunidade do bairro. Ao longo do contrato com a Prefeitura, a Pró-Saúde revelou que a unidade realizou 82.234 atendimentos de atenção básica para a população mogiana.

Entre as especialidades oferecidas na UBS, a ginecologia se destacou pelo volume de atendimentos. Ao todo, foram 26.951 consultas em praticamente três anos. Em seguida, aparece a clínica médica, com 20.714 pacientes atendidos, seguida da pediatria com 9.510 pacientes.

O serviço de enfermagem, responsável por aplicar as vacinas, realizar as coletas laboratoriais, aferir os níveis de glicose, entre outras atividades, foi responsável por outros 10.032 atendimentos no período.

Outro número que chama atenção é das consultas odontológicas, que somaram 15.027. Esta especialidade oferecida pela UBS Alto do Ipiranga incluiu tratamento dos dentes e gengivas.

Envolvimento com a comunidade

No período de gestão da Pró-Saúde, a proximidade com os moradores atendidos na UBS Alto do Ipiranga inspirou a realização de várias ações. A Comissão de Humanização foi responsável por realizar campanhas, palestras e eventos com o objetivo de acolher e integrar a comunidade.

Um dos exemplos foi a brinquedoteca, mantida em parceria com a Associação do Voluntariado de Mogi das Cruzes. O Certificado de Coragem reconheceu a bravura das crianças que fizeram exames de sangue ou que receberam vacina.

O Grupo das Gestantes foi outro exemplo. As futuras mães receberam dicas e orientações sobre tudo o que envolveu a gravidez, incluindo o momento do parto e a amamentação. Já o Grupo de Planejamento Familiar atuou com a prevenção à gravidez não planejada, estimulando o entendimento ideal sobre o melhor momento de ter filhos. Para ajudar neste processo, a unidade ofereceu anticoncepcionais orais e injetáveis, além da inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU).

O Grupo de Tabagismo foi outro serviço disponibilizado na unidade do Alto do Ipiranga. Ele consistiu em encontros semanais com roda de conversa entre os participantes, consultas médicas e distribuição de medicamentos para auxiliar no tratamento.

Todo esse trabalho foi reconhecido pelos usuários atendidos: em julho, nove em cada dez pacientes aprovaram a assistência recebida na unidade. O índice de satisfação no mês foi de 94%.

“Os números mostram a relevância da UBS, mas cada paciente foi atendido de maneira única, singular. Esse foi o diferencial”, resumiu Vanessa.

“Esse entendimento que norteou o perfil dos serviços prestados em Mogi das Cruzes é resultado de mais de 50 anos de experiência atuando em todas as regiões do Brasil e conhecendo de perto a real necessidade dos pacientes”, acrescenta a coordenadora.

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