Encontro de Enfermagem avalia cenários e reafirma importância das pessoas para excelência em saúde

O fator humano volta a ocupar um papel cada vez mais central para que hospitais garantam atendimentos em saúde com mais qualidade e segurança para os pacientes, e com maior capacidade de oferecer atendimento em busca de excelência. Essa foi a tônica da programação do ''II Encontro de Enfermagem dos Hospitais da Pró-Saúde Belém/Pará-Região Metropolitana'', realizado nesta quarta-feira, 7/6, em Belém (PA).

Com o tema “Escolhas certas para um ambiente seguro”, o evento lotou o auditório Batista Campos do Belém Hall – Computer Hall, no bairro do Umarizal. Na plateia, entre os mais de 120 participantes, estavam enfermeiros e técnicos de Enfermagem, gestores e outros profissionais das equipes do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), do Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), e do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), três dos maiores hospitais públicos da Grande Belém.

Além dos hospitais de Belém, a programação foi transmitida, em tempo real, para outros cinco hospitais. Entre eles, o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, e o Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP), em Marabá. Todos são hospitais públicos que, assim como o Hospital Oncológico Infantil, o Metropolitano e o Galileu, também são geridos pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Profissionais de Enfermagem do Hospital 5 de Outubro (HCO), em Canaã dos Carajás, e do Hospital Yutaka Takeda (HYT), em Parauapebas, também participaram do encontro.

Avanços em cuidados

“Este é um momento para fazermos reconhecimentos. Tanto ao governo que representa avanços para a saúde do Pará, quanto também a gestores e aos profissionais de Enfermagem que dão atenção à população. E é um reconhecimento de um atendimento realizado com excelência, um reconhecimento que também vem de quem usa os hospitais, principalmente”, avaliou o diretor Operacional da Pró-Saúde no Pará, Paulo Czrnhak, na cerimônia de abertura do encontro. “Graças a vocês, temos quatro hospitais cerificados como acreditados no Pará. E transformamos essa confiança em atendimento de excelência”, ressaltou o diretor.

“Nesse momento, vivemos na área da saúde um bom retorno. Estamos voltando ao centro do que mais interessa, que são as pessoas. E nos hospitais, são essas pessoas abnegadas, que são os profissionais de Enfermagem, quem cuida de outras pessoas que precisam de atendimento seguro e de qualidade”, refletiu Alba Muniz, diretora-geral do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo.

Com ela concordou Daniele Cruz Rocha, membro do Conselho Regional de Enfermagem no Pará (Coren-PA). “Apesar das novas tecnologias, o cuidado humano é cada vez mais fundamental”, asseverou a conselheira, que representou no encontro o presidente do Coren-PA, Mário Antônio Moraes Vieira.

“O Encontro de Enfermagem cresceu e já é um evento que fica em nosso calendário. Apesar do esforço das jornadas profissionais de cada um, é um compromisso que vale a pena, para que tenhamos um reforço na assistência para uma melhoria contínua”, avaliou Saulo Mengarda, diretor-geral do Hospital Galileu.

Atenção à saúde

Também convidado na cerimônia de abertura, o médico Hélio Franco, coordenador do Comitê Estadual de Mortes Maternas e Infantis, ressaltou que hoje 90% das mortes maternas registradas no Brasil são evitáveis. “A enfermagem é a ciência do cuidado, esse que é o alvo extraordinário do atendimento. E, para isso, qualificação é fundamental. Muito da saúde depende de modelos mentais”, disse Franco para a plateia do encontro, ressaltando a importância dos profissionais de Enfermagem para os avanços na saúde do Pará. “A capilaridade da Enfermagem é crucial para os cuidados com o pré-natal hoje em todo o Estado. Esse é o nosso desafio, para melhorarmos cada vez mais nossos índices de mortalidade de mães e crianças”.

Durante a abertura do evento, o secretário Vitor Mateus, titular da Sespa, ressaltou a importância da relação entre governo do Estado e a Pró-Saúde, organizadora do encontro. “É importante termos como parceira uma entidade que valoriza os profissionais de saúde. Temos orgulho de estar aqui, dividindo esse momento”, frisou Mateus.

O secretário também reafirmou a importância do papel dos profissionais de Enfermagem. 'Instituições de saúde não são apenas paredes e equipamentos. Precisamos valorizar o trabalho desses trabalhadores que movem a excelência da atenção dada ao paciente. Profissionais de Enfermagem têm uma reconhecida atuação no cuidado com a saúde da população, tanto para a saúde estadual quanto para o Sistema Único de Saúde”, asseverou o secretário de saúde.

Qualidade e segurança 

Apenas desde 2001 a segurança de pacientes passou a ser fator de qualidade nos hospitais. E só em 2003 uma portaria federal estabeleceu o programa nacional de segurança de pacientes no Brasil. “Sabemos que ainda não podemos zerar essas ocorrências, mas nossa missão é reduzi-las cada vez mais ao mínimo possível. Precisamos repensar ferramentas. Uma troca de paradigma é necessária, e o caminho para isso são equipes com consciência situacional cada vez maior e assistência de alta confiabilidade”, ponderou o diretor de Desenvolvimento da Pró-Saúde, Danilo Oliveira, durante palestra realizada no encontro onde tratou dos cenários passados e o futuro dos cuidados e do planejamento da segurança de pacientes em hospitais.

“O foco nos acertos, e em sistemas de segurança onde o fator humano é a fonte de solução de problemas, é para onde devemos ir. Com conhecimento, criatividade e bom trabalho em equipe, vamos avançar para atender nossos pacientes de forma mais segura e com menores custos, para que cada vez mais pessoas possam ser atendidas com qualidade”, avaliou Oliveira.

Para o médico especialista em Administração e Gerência Hospitalar, Péricles Góes da Cruz, que também é membro fundador e gerente de relações institucionais da Organização Nacional de Acreditação (ONA), oferecer mais segurança a pacientes é um dos resultados direto de esforços em busca de melhores gestões em hospitais. A entidade, que não tem fins lucrativos, é hoje a maior referência para o reconhecimento da qualidade de serviços prestados em estabelecimentos de saúde brasileiros.

“No Brasil, aproximadamente 227 mil mortes ocorrem por ano por eventos adversos evitáveis ligados a atendimento em estabelecimentos de saúde. O que queremos sempre é evitar o erro e controlar cada vez mais os fatores que levam essas ocorrências. Se controlamos isso, garantiremos bons resultados. E a solução não está só em alta tecnologia. São fatores externos, ligados a gestão de sistemas que podem e afetam a atuação profissional”, ponderou Péricles Cruz.

Falando no encontro sobre os benefícios da certificação da qualidade em organizações prestadoras de serviços de saúde, o médico defendeu ainda que, na busca por qualidade e excelência de atendimento em hospitais, nada vai substituir o olho no olho e o contato entre pacientes, médicos e enfermeiros e outros profissionais. “Nada substitui a humanidade no atendimento”.

O gerente da entidade, que já certificou como acreditadas quatro instituições públicas paraenses (Hospital Regional do Baixo Amazonas, Hospital Regional Público da Transamazônica, Hospital Oncológico Infantil e Hospital Galileu), diz ainda que, contra centralização de gestões, baseadas em chefias e ações individualizadas nos processos – que só demonstram a falta de administração profissional de organizações de saúde -, oferece-se hoje no Brasil parâmetros para um modelo de gestão que favorece melhorias de práticas e mudanças de comportamento que têm impactos profundos na satisfação de pacientes e também para melhorias na experiência dos usuários dos sistemas de saúde no País.

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