Em um ano, laboratório de órteses de baixo custo do Hospital Metropolitano já beneficiou mais de 400 pacientes

O Laboratório de Tecnologia Assistiva (Labta) utiliza materiais de baixo custo para auxiliar na recuperação de pacientes; a iniciativa, que foi premiada pelo Ministério da Saúde, também auxiliou no combate ao novo coronavírus

Inaugurado em junho de 2019, o Laboratório de Tecnologia Assistiva (Labta) do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), gerenciado pela Pró-Saúde em Ananindeua, completa um ano atuando na produção de órteses de baixo custo, que auxiliam na recuperação de vítimas de traumatismo e queimaduras.

Produzidos pelos Terapeutas Ocupacionais do Labta, as órteses auxiliam pacientes que precisam de recursos para imobilização de partes do corpo, prevenção de lesões e também recuperação de movimentos após a alta hospitalar.

O serviço recebeu, em 2019, o prêmio InovaSUS, na categoria Gestão Solidária, concedido pelo Ministério da Saúde, e também um prêmio destaque em gestão orçamentária, concorrendo com outras 193 iniciativas de todo o Brasil.

Raimundo Nonato, zelador de 46 anos, sofreu um acidente de moto enquanto voltava do trabalho e fraturou parte do fêmur e da mão esquerda. Em atendimento no HMUE, ele utiliza a órtese de membro inferior produzida pelo Labta para auxiliar na cicatrização da lesão e diminuir a pressão da perna no leito enquanto se recupera.

O paciente, que está há 15 dias na unidade, ressalta que a utilização da órtese, aliada as demais medidas terapêutico e ao cuidado dos profissionais, deu ânimo para enfrentar o tratamento e traz esperança de retornar mais rápido a sua casa, em Belém, para poder rever o filho de um ano e a esposa.

“As massagens na perna, medicamentos, os profissionais, eu recebi todo o suporte necessário. Com a órtese melhorou ainda mais, no dia seguinte meu pé não estava mais inchado, eu senti menos dor, consegui movimentar minha perna e já até saí da cama. Estou me recuperando rápido e, em breve, vou para casa abraçar meu filho”, disse.

A mesma experiência positiva é compartilhada pelo paciente Raimundo Barbosa, de 47 anos. Morador do bairro do Guamá, ele deu entrada no hospital após cair de uma altura de três metros e fraturar uma das pernas.

“Esse dispositivo melhorou muito. As dores da perna diminuíram e minhas manchas estão desaparecendo. Com a órtese, eu consegui até realizar exercícios propostos pelo fisioterapeuta que antes eu não conseguia. Estou mais animado, não vejo a hora de ter alta e voltar a caminhar com minha esposa”, relatou.

De acordo com o diretor Hospitalar do HMUE, Itamar Monteiro, os benefícios dos dispositivos impactam na reabilitação dos pacientes, mas também na eficiente utilização de recursos públicos. “Em todo esse período de funcionamento, o Labta impactou mais de 400 pacientes. Com ele, devolvemos à sociedade pessoas produtivas e com oportunidade de desenvolverem seus trabalhos normalmente. Ou seja, o Hospital Metropolitano cumpre sua missão de salvar vidas e também sua obrigação social junto à população deste estado”, enfatizou.

Produção do Labta

Em um ano de existência, desde a sua criação, o Labta já produziu 1.056 dispositivos. Foram 682 órteses e coxins, itens que auxiliam na mobilidade dos pacientes que sofreram acidentes e previnem lesões e edemas no ambiente hospitalar, e 37 adaptações para realização de atividades diárias no ambiente familiar.

O laboratório também foi essencial no combate ao novo coronavírus, inovando com a produção de 151 máscaras faceshield, utilizadas na proteção de profissionais da saúde; 30 dispositivos de coxins, que facilitam a pronação de pacientes que precisam de intubação e 193 órteses que auxiliaram no tratamento de pacientes com a Covid-19.

De acordo com o Terapeuta Ocupacional, Lucas Muniz, os dispositivos do Labta atuam no processo terapêutico e na reabilitação dos usuários, proporcionando mais qualidade de vida dentro e fora do hospital.

“Adaptamos as órteses e dispositivos a necessidade do nosso usuário, dentro do ambiente hospitalar e também após a alta, para que ele possa desempenhar suas funções do dia a dia, como se vestir, tomar banho e comer, da melhor forma possível e com autonomia”, explica.

O profissional destaca ainda que todos os dispositivos são pensados a partir de uma tecnologia inovadora, baseada em uma economia sustentável e com excelente custo-benefício, sem perder qualidade. “ Em um ano, por exemplo, produzimos 60 órteses somente de membro inferior de PVC pelo valor estimado de R$ 1.140. Se esse material fosse feito com materiais tradicionais, de alto custo, esse valor subiria para R$ 21.780. Com nossa tecnologia a economia é de 95%”, ressalta Lucas.

Inovação e baixo custo

O espaço foi estruturado para garantir eficiência, principalmente pela substituição da matéria-prima: o termoplástico de baixa temperatura pelo PVC (policloreto de vinila), na produção de dispositivos que auxiliam no tratamento de pacientes, com um custo reduzido. Além do PVC, são utilizados ainda materiais como acetato, velcro, EVA, espuma, colchão piramidal, entre outros.

Henrique Gomes, coordenador do Labta, ressalta que a iniciativa inspira outros hospitais, por trabalhar com materiais mais acessíveis e pelo impacto positivo no processo de reabilitação dos pacientes. “Usamos a inovação, pesquisa e o conhecimento técnico da equipe para promover novas ideias e aplicar no nosso laboratório. Tudo pensado por profissionais capacitados e produzido com um olhar sustentável. Inspiramos outros hospitais e profissionais a compartilharem essas ideias, difundindo esse conhecimento para salvar vidas e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes e a comunidade ”, destaca.

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