Dia do Hospital lembra que o atendimento de saúde deve ter impacto social

O Dia Nacional do Hospital é celebrado em 2 de julho, data instituída em 1944 pelo então presidente Getúlio Vargas em alusão à história da Santa Casa de Misericórdia de Santos e em homenagem aos profissionais que dedicam suas carreiras no ambiente hospitalar. A instituição foi fundada logo após a chegada dos europeus ao território brasileiro, em 1543, idealizada pelo explorador e fidalgo português Brás Cubas.

O termo hospital vem do latim hospes, que significa hóspede e também dá origem às palavras hospitales e hospitium, lugares que na Idade Média ofereciam abrigo a peregrinos e cuidados a enfermos. Um indicativo de que desde a essência, esses ambientes foram pensados para o acolhimento. Nos dias atuais, as organizações têm se empenhado para valorizar a humanização nas emergências, onde a tendência de atendimento é quase industrial para oferecer procedimentos corretos frente à demanda de corredores cheios de pacientes.

A Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar reforça esse compromisso, visando a humanização aliada à qualidade e sustentabilidade na gestão de serviços de saúde e administração hospitalar. Há mais de meio século, é uma da das maiores gestoras do mercado brasileiro e gerencia unidades de saúde presentes em 23 cidades de 11 Estados no País — a maioria no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Humanização – No Pará, a Pró-Saúde gerencia dez unidades hospitalares, sendo seis públicas. Entre elas está o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, que é referência no tratamento de média e alta complexidades em traumas e queimados para a região Norte, recebendo pacientes de diferentes municípios paraenses e também de outros estados. Em 2018, realizou mais de meio milhão de atendimentos, entre internações, cirurgias, exames laboratoriais e por imagem, atendimentos multiprofissionais e consultas ambulatoriais.

De acordo com Natália Failache, supervisora de Humanização do HMUE, o respeito às singularidades das pessoas faz parte dos valores organizacionais do hospital. “É o nosso atendimento refletindo na satisfação do colaborador e do usuário, bem como na sua plena recuperação”, afirmou. A missão do hospital está em prestar assistência qualificada e humanizada, uma busca que rendeu, em 2018, a certificação ONA 1 – Acreditado, concedido pela Organizacional Nacional de Acreditação (ONA).

O selo é conferido a instituições que atendem a critérios de segurança do paciente em toda a atividade hospitalar, englobando aspectos assistenciais e estruturais. Para alcançá-lo, a Unidade percorreu um longo caminho que envolveu esforços de colaboradores e prestadores de serviços, com mapeamento de processos, riscos da atividade hospitalar, além da adoção da interação de processos entre setores.

 

Empreendedorismo – Um exemplo positivo de impacto social é o Hospital Oncológico Infantil, em Belém (PA), referência para o tratamento de crianças com câncer. As mães que possuem filhos internados na unidade aprendem a produzir peças de artesanatos; utensílios; e doces e salgados — ou mesmo trazem produtos (como cosméticos) para comercializarem dentro da unidade, durante uma feira interna que acontece todos os meses, o Canto da Empreendedora.

Os resultados alcançaram uma dimensão além do previsto inicialmente. A feira mensal, que antes acontecia apenas no Oncológico Infantil, passou a ser realizada em outros hospitais gerenciados pela Pró-Saúde na região metropolitana de Belém. Na prática, ação deu protagonismo para as mães, condição reconhecida, desde 2017, pelo Pacto Global das Organizações das Nações Unidas (ONU) e pelo ONU Mulheres, dos quais o Oncológico Infantil é signatário.

Com cerca de 30 novos casos diagnosticados por mês, a unidade é uma das maiores do país em número de atendimentos realizados, saltando de 242 mil em 2015 para 312 mil em 2018, quando foi certificada com o selo ONA 2 – Acreditado Pleno. Em 2019, a unidade já realizou 177.235 atendimentos, com índice de aprovação dos usuários de 98%.

 

Envelhecimento – No Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), em Belém (PA), um curso profissionalizante gratuito forma cuidadores de idosos desde o ano passado, impactando uma população com baixa escolaridade e que viu no curso uma oportunidade para melhorar sua condição de vida. O objetivo é capacitar pessoas para atuarem no cuidado com a pessoa idosa – prezando pela integridade física, psicológica e bem-estar de quem receberá esses cuidados.

O curso está em sua oitava edição e já formou mais de 200 pessoas. A grande procura pela capacitação, segundo levantamento do hospital, está relacionada ao envelhecimento da população brasileira, que cresceu 18% nos últimos cinco anos, o que representa mais 4,8 milhões de idosos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além do material didático gratuito, os alunos também receberam o certificado de conclusão de curso. Para a maioria dos participantes, o aprendizado obtido foi aliado na conquista de um emprego.

Outra iniciativa promovida pelo HPEG, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho, tem feito a diferença na vida de muitos jovens e adultos em áreas de vulnerabilidade. O projeto “Escrevendo e Reescrevendo a Nossa História”, reaproveita as mantas de PVC utilizadas na unidade, para os diversos cursos profissionalizantes do projeto destinado a pessoas que moram em áreas de vulnerabilidade no município ou que são egressos de unidades socioeducativas e do sistema penitenciário.

As mantas doadas pelo Hospital são utilizadas nos cursos de costura industrial, artesanato, culinária, entre outros desenvolvidos pelo projeto. Para os alunos do curso de costura, as mantas representam o primeiro contato para a produção de aventais, almofadas, jogos americanos (pequenas toalhas de mesa), entre outras peças.

 

Cuidados com bebês – O leite materno é um grande aliado na saúde de recém-nascidos e bebês. Para incentivar ainda mais a amamentação, o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, no sudoeste do Pará, produz almofadas a partir do reaproveitamento das mantas de SMS, material utilizado para proteger e manter o processo de esterilização das caixas de instrumentos cirúrgicos. O HRPT – listado entre os dez melhores hospitais públicos do Brasil – já pratica a reciclagem das mantas na confecção de bolsas, sacolas, rampers, lençóis e aventais. Agora, elas também servem para produzir as almofadas para amamentação que são entregues às mães.

Para diminuir o estresse dos bebês recém-nascidos, além de melhorar o sistema respiratório, evitar a perda de peso e reduzir o tempo de internação, o Hospital Regional do Sudeste do Pará Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá (PA), e o Hospital Materno Infantil de Barcarena Dra Anna Turan (HMIB), incluem como recurso terapêutico as sessões de banho de ofurô.

A técnica foi criada nas maternidades holandesas, na década de 1990, para ajudar no relaxamento dos bebês à medida que dá a eles a mesma sensação de aconchego do útero materno. Para participar da sessão de ofurô, o recém-nascido precisa estar livre de acessos, como sondas. Também são verificadas questões como o peso e a condição clínica do paciente.

 

Sustentabilidade – Já o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), adota práticas que beneficiam a comunidade e o meio ambiente. A unidade, que é referência não só em segurança e qualidade dos serviços oferecidos – sendo considerado um dos dez melhores hospitais públicos do Brasil – ainda tem como foco ações que valorizem os aspectos sociais, ambientais e financeiros. O HRBA foi o primeiro hospital público do Brasil a obter o selo internacional “Materiality Disclosures”, emitido pela Global Reporting Initiative (GRI), mediante a produção de um relatório de sustentabilidade.

No aspecto ambiental, a unidade tem colhido muitos frutos. Em 2017, o HRBA reaproveitou 101 toneladas de lixo, sendo 66 toneladas de resíduos sólidos e 35 toneladas de orgânicos. Em 2018, foram 142,9 toneladas de resíduos reaproveitados. Desse total, 53,1 toneladas foram de lixo orgânico.