Campanha sensibiliza sobre sequelas de acidentes de trânsito

Um momento de distração, o excesso de velocidade ou a desobediência à sinalização de trânsito podem mudar completamente a vida de uma família. Foi o que aconteceu com o pedreiro Raimundo Prestes, de 48 anos, internado no Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá (PA), há alguns dias. Ele sofreu um acidente de motocicleta e, agora, enfrenta uma nova rotina para se recuperar. O amigo, que dirigia a motocicleta no trajeto entre Curionópolis e Eldorado do Carajás, não teve o mesmo final. Faleceu no local e entrou para uma estatística dura do Brasil: a cada 22 minutos, um brasileiro perde a vida vítima de acidentes de trânsito. Em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 milhão de pessoas morrem nessas condições todos os anos.

Para conscientizar a sociedade sobre os perigos do trânsito e as sequelas causadas por acidentes, os hospitais públicos do Pará, gerenciados pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), realizam, neste mês, a campanha “Direção viva: você consciente, trânsito mais seguro!”. No HRSP, a ação foi iniciada nesta segunda-feira, 21/11, com uma missa e a exposição de um memorial para lembrar as vítimas de trânsito atendidas na unidade. A programação se estenderá até o final desta semana, com palestras e rodas de conversas sobre o tema, envolvendo colaboradores, usuários e a comunidade em geral, inclusive crianças.

O diretor Geral da unidade, Valdemir Girato, comenta que a prevenção é a medida mais eficaz para diminuir os índices de acidentes na região. A unidade é referência em atendimento de trauma de média e alta complexidades para 22 municípios do sul e sudeste do Estado. Em três anos, das 9.357 internações do Hospital Regional de Marabá, mais de 5 mil eram pacientes vítimas de colisão no trânsito, sendo a maioria deles motociclistas. “Grande parte das vítimas são jovens entre 18 e 28 anos, idade em que estão entrando no mercado de trabalho e formando família. Quando se acidentam, eles perdem esse início de vida, sendo que alguns ficam com sequelas permanentes”, argumenta Girato.

Em geral, as vítimas de acidente, dependendo do caso, podem passar anos fazendo fisioterapia. É o que conta o ortopedista Flávio Rezende. “Muitos deles são vítimas de múltiplas fraturas, é o chamado paciente politraumatizado, que necessita de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo várias especialidades médicas. Após a alta hospitalar, durante meses, alguns usuários precisam de atendimento ambulatorial e reabilitação, às vezes, até por anos', afirma o médico.  

Traumas 

O lavrador Derval Carneiro Campos, de 33 anos, está internado no HRSP, onde divide a enfermaria com outras três vítimas de acidente de trânsito. Entre eles há um consenso: o amor ao próximo é princípio que deve ser praticado também na direção. 'No trânsito é preciso ter cuidado, atenção e amor ao próximo. Com certeza isso ajudaria a diminuir o número de acidentes. Graças a Deus eu estou bem, apesar dos ferimentos, mas não é fácil', diz o usuário.

No leito ao lado de Derval, o técnico em Telecomunicações, Endreo Costa, de 23 anos, se recupera de um grave acidente sofrido no mês passado. “A gente para toda uma vida de trabalho e de rotina com a família e fica sem poder fazer nada”, comenta Endreo.

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