13% dos partos do HU são de mães adolescentes

No ano de 2018, foram realizados 3.676 partos no Hospital Universitário (HU) de Jundiaí (SP), cerca de 13% dos partos ocorreram em mães com idade entre 10 e 19 anos. Em 2016, estes índices eram de quase 15%. Em novembro do ano passado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 512/11, do Senado, instituindo a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente, na semana que incluir o dia 1º de fevereiro. O objetivo é disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a gravidez na adolescência é considerada uma gestação de alto risco, pois o corpo jovem ainda não está completamente formado para a maternidade. O sistema emocional fica abalado e estes fatores podem contribuir para consequências maiores para a saúde da mãe e do bebê, especialmente quando não há o acompanhamento adequado do pré-natal.

Segundo o médico ginecologista e obstetra, Francisco Pedro Filho, do HU, os problemas mais comuns para a saúde da gestante adolescente são hipertensão e anemia. Já os bebês podem nascer prematuros, antes da 37ª semana de gestação, com baixo peso, transtornos de desenvolvimento e até malformação.

O médico alerta que, além dos riscos físicos e psicológicos, também é importante levar em consideração os riscos sociais. “É comum a jovem parar de estudar ou trabalhar, causando efeitos ao longo da vida”, diz ele. Fato que é comprovado em estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 76% das brasileiras com idade entre 10 e 17 anos que têm filhos não estudam e 58% não estudam e nem trabalham.

Abrir mão desta vivência social para essas jovens não é tarefa fácil, há um medo muito grande de serem rejeitadas socialmente. Em 66% dos casos, segundo o Ministério da Saúde, a gravidez adolescente não é planejada. É um momento de muitos conflitos internos (psicológicos: depressão, medo, insegurança) e externos (sociedade: escola, trabalho, família, amigos). E é aqui que entra o papel da família e, claro, do futuro pai, que normalmente é jovem também.

“De modo geral as famílias reagem de forma positiva e isso é muito importante, pois garante o apoio necessário para que a jovem realize o acompanhamento pré-natal. Os pais costumam acompanhar na realização dos exames e se interessam pelos resultados”, declara o médico.

Dr. Pedro Filho relata que o pré-natal da gestante adolescente deve envolver uma equipe multidisciplinar, com acompanhamento de um psicólogo, por exemplo. “O médico escolhido para acompanhar a gestação tem que ser paciente, acolhedor, usar um linguajar que a paciente entenda, jamais fazer julgamentos. Para acompanhar o desenvolvimento do bebê e a saúde da mãe serão necessários alguns exames a mais que o normal. Este público abandona facilmente o acompanhamento pré-natal e daí é que ocorre o aumento do risco obstétrico”, alerta.

 

Conselho

Atualmente, o Ministério da Saúde investe em políticas de educação em saúde e em ações para o planejamento reprodutivo. No entanto, de acordo com o Dr. Pedro Filho, a família também deve auxiliar para que a escolha em ter um filho seja a mais acertada possível, afinal, é para a vida toda. “Importante é ter a presença da família na vida das jovens, ter muito diálogo. Se aos 12, 13 ou 14 anos elas estão namorando um garoto de 17, 18 ou 20 anos, provavelmente já iniciaram sua vida sexual. É preciso orientar, dialogar e instruir”, orienta.

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