Leishmaniose

Hospital Bom Pastor é protagonista na luta contra a leishmaniose entre indígenas na Amazônia

Brasil está entre os países mais afetados pela doença e a região Norte do país soma 34,9% dos casos. Saiba como combatê-la

O clima tropical e a grande incidência de chuvas, como neste momento de inverno na região Norte – e verão no restante do país, favorecem o aparecimento da leishmaniose.

Por este motivo, o Hospital Bom Pastor, localizado em Guajará-Mirim, no meio da floresta amazônica, na região de Rondônia, tem reforçado os cuidados com a doença.

O Bom Pastor é fundamental para evitar esses óbitos, pois pacientes com comorbidades cardíacas e hepáticas não têm condições de ser internados em unidades básicas de saúde. “Os órgãos de saúde da região – como o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e a Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) – encaminham esses pacientes, pois o tratamento é feito com medicações específicas e necessita de um monitoramento constante”, destaca Márcia Guzman, diretora Técnica do Hospital Bom Pastor.

A prevalência da leishmaniose na Amazônia acontece porque lugares úmidos, escuros e com muitas plantas favorecem a proliferação dos insetos flebotomíneos, como o mosquito-palha, responsáveis por transmitir os parasitas do gênero Leishmania.

“O ambiente da floresta amazônica favorece o surgimento da doença e os insetos costumam habitar regiões de matas onde estão as aldeias. Assim, os povos indígenas são os mais prejudicados. Práticas que fazem parte de seu estilo de vida, como pescar, tomar banho em rios ou igarapés, caçar, acabam aumentam os riscos”, detalha Márcia Guzman.

Cães e animais silvestres também podem se contaminar, servindo como vetores da doença. 

 

Prevalência no Brasil

De acordo com a instituição internacional Médicos sem Fronteiras, o tipo mais grave da doença afeta de 200 mil a 400 mil pessoas por ano – e o Brasil está entre os seis países que somam 90% dos casos.

Consequentemente, quem vive em regiões amazônicas são os mais afetados. Segundo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), 34,9% dos mais de três mil casos da doença que acontecem anualmente no Brasil estão na região Norte.

Atuando diretamente no combate à doença, o Bom Pastor é referência em saúde indígena para mais de 50 aldeias da região, o que totaliza mais de seis mil pessoas. Pertencente à Pró-Saúde, a unidade realiza consultas, exames, cirurgias, partos e internações, com estrutura pensada especialmente para este público, em um local onde 90% dos acessos são feitos por transporte fluvial.

 

Tipo mais letal da doença

A leishmaniose se divide em dois tipos:

> Leishmaniose cutânea: causa feridas na pele e lesões inflamatórias na parte interna do nariz e na boca, duas a três semanas após a contaminação. Pode ser curada espontaneamente.

> Leishmaniose visceral ou calazar: é a forma mais grave da doença. Atinge todo sistema imunológico. Mais da metade dos casos acontecem com crianças menores de dez anos.

Especialistas alertam que a leishmaniose visceral chega a ser fatal em 95% dos casos em que não é realizado o tratamento. Portanto, é fundamental procurar os serviços de saúde logo no início dos sintomas.

O calazar é de evolução longa, ou seja, a infecção pode demorar de dois a oito meses para se manifestar. No entanto, se a carga parasitária é alta ou a imunidade do paciente é baixa, a doença pode ser observada de dez a 14 dias. Os sintomas são:

  • Febre irregular, baixa e prolongada;
  • Anemia;
  • Indisposição;
  • Palidez da pele e ou das mucosas;
  • Falta de apetite;
  • Perda de peso;
  • Inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço.

 

Doença avança pelo País

Apesar da prevalência em regiões distante dos grandes centros urbanos, a leishmaniose também se manifesta em outros locais. Nas últimas décadas, a doença tem se desenvolvido em áreas urbanas, por conta de questões como a migração de pessoas do campo para as cidades e o desmatamento. O contato com cães não vacinados e más condições de saneamento básico também estão relacionados com essa mudança.

Médicos clínicos gerais e infectologistas são capacitados para realizar o diagnóstico de ambos os tipos de leishmaniose. O tratamento é medicamentoso, geralmente com o uso de compostos Antimoniais pentavalentes e Anfotericina B.

“Algumas medidas, como cuidar da saúde de seus cães, evitar acúmulo de lixo dentro ou próximo à residência, utilizar telas e mosquiteiros nas casas e evitar banhos de rios ou igarapés próximos da mata, ajudam a prevenir a doença”, ressalta a profissional.

Márcia ainda faz um alerta importante, lembrando a todos que “ao identificarem qualquer sintoma, busquem atendimento médico”.

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