Projeto reconhecido pela ONU transforma em empreendedoras mães que acompanham filhos em tratamento oncológico

A rotina de mães que acompanham filhos em tratamento no Hospital Oncológico Infantil, em Belém (PA), é marcada por uma doação surpreendente.

“Vivemos no hospital com nossos filhos. Não temos vida social lá fora”, observou Marta Pimentel, ao mesmo tempo em que reforça o quanto é importante estar ao lado da filha, a pequena Maria Vitória, há um ano em tratamento na Unidade.

Mas um projeto desenvolvido pelo Oncológico Infantil tem alcançado resultados igualmente surpreendentes na humanização da estadia em ambiente hospitalar de mulheres como a Marta.

A iniciativa, desenvolvida pela Pró-Saúde, instituição que faz a gestão do hospital, é conhecida como Canto da Empreendedora e está em sua décima sétima edição.

No hospital, as mulheres aprendem a produzir peças de artesanatos, utensílios e até apetitosos doces e salgados — ou mesmo trazem produtos (como cosméticos) para comercializarem dentro da unidade, durante uma feira interna que acontece todos os meses.

Os resultados alcançaram uma dimensão além do previsto inicialmente. A feira mensal, que antes acontecia apenas no Oncológico Infantil, passou a ser realizada em outros hospitais gerenciados pela Pró-Saúde na região metropolitana de Belém.

Na quinta-feira, 7/2, a feira aconteceu no Hospital Público Estadual Galileu, sediado na capital paraense. Em junho deste ano, o Canto da Empreendedora terá sua segunda edição do Workshop da Empreendedora. Na ação, as mães participarão de palestras, capacitação e orientação sobre o mercado.

“Na maioria das vezes, não temos uma renda e vi nesse projeto a oportunidade de ganhar um trocado para auxiliar em casa”, destacou Marta.

Benefícios parecidos foram destacados por Clemilda Oliveira, mãe de Beatriz, também em tratamento no Oncológico Infantil. “Essa oportunidade tem me ajudado a comprar algumas coisas para a Bia”, contou a mãe.

Na prática, o Canto da Empreendedora deu protagonismo para as mães, condição reconhecida, desde 2017, pelo Pacto Global das Organizações das Nações Unidas (ONU) e pelo ONU Mulheres, dos quais o Oncológico Infantil é signatário.

“Fazemos uma triagem das mães que querem e que podem participar, mas sempre consideramos que a prioridade é o acompanhar o tratamento do filho”, pondera a supervisora de Humanização da unidade, Tirza Ferreira.

A diretora Hospitalar do Oncológico Infantil, Alba Muniz, explicou que, mais importante do que gerar renda, o projeto tem impacto positivo no tratamento das crianças.

“Em muitos casos, por conta do tratamento, a mulher se afasta de sua produtividade. Então, o Canto da Empreendedora permite a elas vender e revender produtos, abrindo novas portas, como uma forma de empoderar essas mães”, disse.

Alba tem observado que o projeto representa um ânimo adicional na relação entre mães e filhos, pois cria um ambiente que aumenta a motivação, resgata a autoestima e melhora a adesão das crianças ao tratamento.

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