Hospital Regional de Marabá realiza mais de 150 atendimentos em aldeia indígena do sudeste do Pará

Dona Maria Regina Soares, de 54 anos, foi uma das primeiras pacientes a ser atendida na 11ª edição do projeto 'Hospital Regional Amigo da Comunidade', realizada nesta quarta-feira, 6/12, na aldeia Sororó, localizada no município de São Geraldo do Araguaia, a 100 quilômetros de Marabá (PA). Ao todo, mais de 150 atendimentos foram ofertados à comunidade, entre consultas, avaliação nutricional, aferição de pressão e teste de glicemia. 

A iniciativa integrou as 50 'Ações do Bem' promovidas pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, para comemorar seus 50 anos, e contou com o apoio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Universidade do Estado do Pará (Uepa) e Secretaria de Educação de Marabá (Semed). 

'Eu pedia a Deus para que chegasse um povo que nem vocês, para cuidar da saúde da gente, porque estamos precisando mesmo. Às vezes não conseguimos ser atendidos nos municípios porque é muita gente para ser atendida', comentou dona Maria, que é casada com um indígena da etnia Suruí e mora na aldeia há 39 anos. 

Na mesma fila, junto com outras dezenas de mães, Matania Suruí, de 26 anos, aguardava a chamada da Pediatria para o filho de dois anos. Pesagem e medição de altura feitas na primeira etapa do atendimento, a criança foi encaminhada para avaliação dos estudantes de Medicina da Uepa, sob a supervisão de duas pediatras. 'Nossa, como é bom ter esses atendimentos na aldeia porque a gente necessita muito', contou a índia.

Segundo Purupramare Gavião, representante da Secretaria Especial de Saúde Indígena, além de facilitar o acesso a serviços de saúde, a ação contribuiu para diminuir a resistência dessas comunidades quanto ao uso de medicamentos farmacológicos e aplicação da Medicina tradicional. 'A própria Sesai enfrenta barreiras nesse sentido porque, às vezes, devido a crenças, eles não querem consultar, nem tomar medicamento. Então, quando são realizadas ações como essa, eles ficam curiosos e acabam vindo, o que beneficia principalmente idosos e crianças. No caso dos idosos, as principais queixas são hipertensão arterial e diabetes, problemas que têm se tornado muito frequentes a cada ano, especialmente devido a mudanças na alimentação, que passou a ser rica em comida industrializada', explicou a enfermeira. 

Vivenciando a realidade

O atendimento na aldeia indígena foi benéfico também para os 20 estudantes do terceiro, quarto e quinto anos de Medicina, que já haviam tido contato com esse público em hospitais de Marabá, mas nunca feito atendimento em uma aldeia, como explicou Breno Sousa. 'Quando consultamos as pessoas na cidade, sempre perguntamos as condições de moradia e alimentação, por exemplo. Mas, estando aqui, conseguimos observar essas informações, o que ajuda a entender melhor o paciente', argumentou o estudante. 

A professora da Uepa e também intensivista no Hospital Regional de Marabá, Angélica Cunha, explica que o contato com comunidades tradicionais é uma realidade da região, portanto, essencial à formação dos futuros profissionais da área. 'É bom também porque a gente sai do aspecto da Medicina Curativa e passa a atuar mais fortemente na Medicina Preventiva. Aqui a grande 'pérola' é o foco na prevenção, que é algo deficitário', afirmou a pediatra. 

Promoção da saúde

Gerenciado pela Pró-Saúde, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o Hospital Regional de Marabá é referência para 22 municípios da região, incluindo São Geraldo do Araguaia, onde a aldeia Sororó se situa. Ao longo do ano, a unidade realiza diversas ações para contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população local. 

São projetos e programas de promoção à saúde e conscientização sobre hábitos saudáveis. Um deles é o projeto 'Hospital Regional Amigo da Comunidade', realizado desde 2013 e que já beneficiou mais de 1.000 pessoas da zona urbana e vilas rurais. 

De acordo com o diretor-geral da unidade, Valdemir Girato, esta é a segunda vez que o projeto acontece em uma aldeia indígena. A primeira foi em 2013, quando a instituição levou serviços de saúde a índios da etnia Gavião em Marabá. 'Somos um hospital de média e alta complexidades, mas, por meio de ações como essa, contribuímos ainda mais para a prevenção e para que as pessoas vivam melhor na região', afirmou o gestor. 

Para o cacique da aldeia Sororó, Mairá Suruí, a iniciativa foi positiva. 'Nós gostamos muito de o hospital oferecer os serviços dentro da comunidade porque, assim, foi atendido um número maior de pessoas e, também, porque trouxe mais de uma especialidade médica. Hoje deu para consultar a família inteira e aqui tem muita criança', disse. A aldeia é habitada por 80 famílias que somam, juntas, 350 pessoas. 

Além do atendimento na aldeia, o HRSP também garantirá à comunidade consultas de outras especialidades e exames, nos casos em que for necessário complementar esse primeiro atendimento.

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