Oportunidade de trabalho em hospitais ajuda mulheres a superarem desafios

A vida de Gilmara Gomes, de 32 anos, mudou desde que começou a trabalhar no Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá, onde é auxiliar administrativo do Serviço de Apoio à Diagnose e Terapia, há mais de três anos. Portadora da Síndrome de Turner, condição genética que afeta o crescimento, ela conta que, muitas vezes, duvidou da própria capacidade. Mas a partir da superação de desafios na instituição, Gilmara recuperou a autoestima e, às vésperas do Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta quarta-feira, 8/3, ela recebeu a notícia de sua aprovação no curso de Psicologia da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. 

'Depois que entrei no Regional, minha mente se abriu. Fiz faculdade de Recursos Humanos, me sinto muito melhor e confio mais em mim, agora. Aqui, sou valorizada e tratada sem diferença, como os demais colaboradores. Antes, eu não tinha coragem de sair de casa para procurar emprego porque me sentia inferior às outras pessoas e, graças a Deus, isso mudou', conta a auxiliar administrativo. Gilmara é uma das 387 mulheres que atuam no Hospital Regional de Marabá. Juntas, elas correspondem a 73% dos colaboradores diretos da unidade.

Mulheres são maioria nos hospitais da Pró-Saúde no Pará

A prevalência da mão-de-obra feminina se repete nas outras cinco unidades públicas do Pará gerenciadas pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). No Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, 79% dos colaboradores são mulheres. No Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, esse índice é de 77,5%. No Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, elas representam 70,9% do total de colaboradores. No Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), em Belém, 69,2%, e no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, 63%.  

As mulheres também são maioria nos hospitais privados administrados pela organização social no Pará. Em Canaã dos Carajás, 212 dos 274 colaboradores diretos do Hospital 5 de Outubro são do sexo feminino e, no Hospital Yutaka Takeda, na Serra dos Carajás, em Parauapebas, esse índice é de 68%. 

O cenário dessas unidades constata o que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou nos últimos dois censos demográficos: o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, em 2000, elas representavam pouco mais da metade da população economicamente ativa no Estado. Dez anos depois, em 2010, as mulheres correspondiam a 65% desse grupo. 

Inclusão 

A colaboradora Adriana da Silva Pinto, de 33 anos, telefonista no Hospital Regional Público da Transamazônica, assim como Gilmara Gomes, viu no trabalho a oportunidade de melhorar de vida e superar desafios. A telefonista não tem a visão do olho esquerdo, em decorrência de uma catarata congênita, e é portadora de escoliose acentuada. 

'Não me imagino sem meu trabalho, tamanha é a minha satisfação. Sei que contribuo para a melhoria contínua do hospital, porque ajudo todos os setores a desempenharem suas funções e, consequentemente, a salvar vidas. Eu me sinto realizada como profissional', comenta Adriana. 

Cristiane Santana, colaboradora do setor de Faturamento do Hospital Yutaka Takeda, também mostra a busca pela superação. Ela atua na unidade de Parauapebas há quase dez anos e diz que alcançou muitas conquistas a partir do trabalho na instituição. 'Dou graças a Deus por esse serviço, porque sou mãe solteira e ajudo a minha mãe. Esse emprego já melhorou muito a minha vida e, a cada dia, eu aprendo mais. Mesmo com a minha deficiência, nos membros inferiores, fui bem recebida pela equipe, é como se eu não fosse deficiente. As minhas amizades aqui são ótimas', diz. 

Aprendizado 

Além de garantir oportunidades para pessoas com deficiência, possibilitando a inclusão de um segmento que vem conquistando espaço no mercado de trabalho, as unidades hospitalares gerenciadas pela Pró-Saúde no Pará também têm propiciado espaço para a troca de experiência e aprendizado para quem está começando a vislumbrar uma carreira, por meio do Programa Jovem Aprendiz, do governo federal. Nesses hospitais, mais de 60 dos jovens que participam da iniciativa são mulheres. 

Uma delas é Emilly Sousa, de 20 anos, aprendiz da área administrativa no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua. “Gosto muito de trabalhar no Hospital Metropolitano. Sou bem amparada pelos colaboradores e já aprendi bastante. Estudo Fisioterapia e aqui amplio a minha visão, pois também aprendo a lidar com a questão mais administrativa. Antes de começar a trabalhar neste hospital, eu era bem menos comunicativa. Evoluí neste aspecto. Posso dizer que o hospital me traz experiências, diariamente. De certa forma, também estou contribuindo para salvar vidas. Me sinto muito satisfeita lembrando disso”, comenta ela. 

Hortência Pereira Cavalcante, de 19 anos, também é jovem aprendiz na Pró-Saúde. Ela atua há quase um ano no Hospital 5 de Outubro, onde já conhece a rotina de vários setores da unidade. 'A experiência como aprendiz administrativo no HCO é boa e positiva pelo aprendizado e pela oportunidade de obter novos conhecimentos', afirma a estudante do curso de Assistente Administrativo no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, em Canaã dos Carajás.  

Para Dheanifer Feitosa de Araújo, 20 anos, jovem aprendiz na Farmácia do Hospital Regional de Marabá, o aprendizado na unidade fortaleceu um antigo sonho. 'Desde pequena eu sonho em criar uma organização não governamental para cuidar de idosos. E, aqui, tenho tido a oportunidade de ver o carinho e a atenção com que os profissionais acolhem essas pessoas', conta a estudante. 

Comemoração

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, todas as unidades hospitalares gerenciadas pela Pró-Saúde, no Pará, promoverão diversas ações nesta quarta-feira, 8/3, homenageando colaboradoras, pacientes e acompanhantes.

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