Em 2009, A.F, na época com dois anos, foi vítima de um acidente com queimaduras, no munícipio paraense do Bagre, região do Marajó. A criança teve parte das pernas queimadas, segundo a mãe, depois de uma explosão com lamparina. Hoje, com dez anos, A.F prossegue a rotina de internações. De seis em seis meses, ele retorna ao Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE). Nesse período, foram, pelo menos, seis cirurgias de enxertos e correções.
O tratamento longo é uma característica de pacientes vítimas de queimaduras. Nada, porém, que tire o sorriso da criança. Internado no Centro de Tratamento de Queimados, A. F., era um dos participantes mais animados para concluir, com sucesso, a tarefa de elaborar uma máscara de Carnaval. “Ele fica bem animado. Gosta de Carnaval, né?”, admite a mãe Edileuza de Freitas, satisfeita em ver o filho sorrir.
A oficina de confecção de máscaras carnavalescas foi projetada como uma atividade lúdica para os pacientes internados, como explica a psicóloga da unidade Jacqueline China. “No Centro de Tratamento de Queimados lidamos com pacientes de longa internação, então, é necessário trazer esse resgate social, de inclusão. É primordial termos, junto com eles, esse momento, tirando o foco da dor que se sente, e diminuindo os problemas relacionados ao isolamento do convívio social”, afirma a profissional. As máscaras serão utilizadas nesta quinta-feira, 16/2, em uma celebração de Carnaval na unidade hospitalar, sendo que programação engloba desfile, concurso de máscaras e até trio elétrico.
De acordo com a pedagoga Ilma Pinheiro, a oficina gera benefícios para a criança e, sobretudo, ressalta que, com a atividade, é possível trabalhar temas próprios de anos letivos, que são abordados na Classe Hospitalar, que é mantida na unidade em parceria com a Secretaria Estadual de Educação. “É importante porque a criança se sente amada e, pedagogicamente, sente-se em um ambiente de escola. Não fica tão distante do mundo dela”, reitera. “E o momento do Carnaval é um processo cultural, histórico no Brasil, aproveitamos e abordamos um pouco do que se trata a festa. Além disso, estamos trabalhando o meio-ambiente, porque as máscaras têm um cunho de preservação. É a questão da reciclagem”, detalha.
Além de crianças, o baile de Carnaval do CTQ também terá os adultos. O usuário Sinzenanos Oliveira está ansioso. “É bom demais, elimina o tédio e nos deixa animado e alegre. O tempo passa mais ligeiro”, disse. Sinzenanos foi vítima de uma explosão de um motor, no município de Parauapebas, há quase um mês.
Gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospital sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o Hospital Metropolitano é referência na região Norte para atendimento a vítimas de queimaduras. Em 2016, atendeu 533 queimados. O setor possui 22 leitos, dois de Unidade de Terapia Intensiva, 18 de internação e dois de urgência, sendo que também possui um bloco cirúrgico com duas salas.