Regional de Santarém estimula doação de órgãos e tecidos

O Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém (PA), aderiu ao movimento “Setembro Verde”, realizado em todo o país, que busca estimular a doação de órgãos e tecidos. O Dia Nacional de Doação de Órgãos foi lembrado nesta terça-feira, 27/9, na unidade. A equipe da Organização de Procura de Órgãos (OPO) montou um estande para orientar usuários, visitantes e colaboradores sobre a importância do ato e como é o processo de captação e transplante. Ao longo do mês, várias ações foram realizadas com esse objetivo.

A doação de órgãos e tecidos no Brasil ainda enfrenta diversas barreiras, que vão desde o desconhecimento da vontade do doador até como funciona o processo de captação, por parte da família. O HRBA está habilitado a realizar captações desde 2012. No entanto, é baixo o número de doadores. Entre janeiro de 2012 e março de 2016, ocorreram 85 notificações de possíveis doadores, mas apenas nove se concretizaram. O principal motivo ainda é a recusa familiar. Em 29 casos, a família não autorizou a doação. Em 2015, houve 25 notificações, mas nenhuma doação foi realizada. O hospital já captou 49 órgãos.

Em 2016, apenas uma captação foi realizada. Um jovem de 19 anos teve morte encefálica e família tomou a decisão de doar os órgãos. “Para mim, é um gesto de solidariedade, podendo salvar a vida de outras pessoas. Eu decidi, junto com a minha esposa, em doar os órgãos porque é um ato de amor. Espero poder receber um abraço dessas pessoas que foram agraciadas”, conta Paulo Pinto, o pai do jovem. A captação aconteceu no dia 27/02. 

Atualmente, apenas no HRBA, existem 187 pacientes renais crônicos, em que a única solução para a cura é o transplante. Mas para mudar a realidade de quem espera por esse procedimento é preciso mudar a forma de pensar da sociedade. “O grande problema é a sensibilização das famílias sobre a importância de ajudar ao próximo, de que aquele doador pode beneficiar várias pessoas. Apenas um doador pode beneficiar até mais de quatro pacientes”, explica a diretora Técnica do HRBA, Lívia Corrêa e Castro.

Processo de doação

Para que uma doação seja concretizada, a família do doador deve autorizar o procedimento. Por isso é importante expressar, em vida, o desejo de doar órgãos e tecidos. A recusa familiar tem sido fator determinante para que o número de doações permaneça baixo.

A Organização à Procura de Órgãos do HRBA tem investido na conscientização da população e na detecção mais rápida e precisa dos casos de mortes encefálicas aptos para doação. Morte encefálica é a parada definitiva e irreversível do cérebro e tronco cerebral, provocando em poucos minutos a falência de todo o organismo.

Transplante

O Hospital Regional de Santarém já realizou todas as etapas para que o processo de transplantes tenha início ainda neste ano. A unidade é credenciada pelo Ministério da Saúde, a equipe passou por treinamentos, o ambulatório pré-transplante foi implantado e houve a expansão de leitos de terapia intensiva. “O HRBA caminha a passos largos para ser uma referência, também, no tratamento do paciente renal crônico. Ainda neste segundo semestre de 2016, teremos o transplante de rim implantado no hospital, que viabilizará a saída das máquinas de hemodiálise de vários pacientes”, afirma o diretor Geral do HRBA, Hebert Moreschi.

A unidade vai realizar, inicialmente, transplante de rim. Um dos que ficaram felizes com a notícia é o paciente Raimundo Alaildo, de 50 anos, que realiza tratamento de hemodiálise há quase seis anos no HRBA. Ele vai receber um rim do irmão. 'A esperança é receber esse rim para poder sair das máquinas e voltar a vida normal, senão nós temos que ficar o tempo todo fazendo diálise'.

Para o nefrologista e coordenador de Transplantes do HRBA, Emanuel Esposito, é preciso que a população se envolva e acredite que a doação é importante para salvar vidas. “Hoje você pode estar bem, mas, de repente, amanhã você pode precisar de transplante. Isso é o que chamamos de ciclo vital da sociedade. Ela demanda, e é a própria sociedade quem tem que responder”, argumenta Esposito.

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