Abertura da Semana de Aleitamento Materno no HU conta com palestra de coordenadora do IBFAN Brasil

Cerca de 150 colaboradores, médicos e convidados participaram do evento de abertura da Semana Mundial da Amamentação (SMAM) no Hospital Universitário (HU), realizado na manhã desta segunda-feira (1º). A programação incluiu palestra com a socióloga Rosana de Divitiis, que é coordenadora do IBFAN Brasil (Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar). Também participaram da solenidade membros da Fundação Dr. Jaime Rodrigues, tais como o superintendente dr. Itibagi Rocha Machado e o diretor executivo Flávio José da Silva; o diretor da Faculdade de Medicina de Jundiaí dr. Edmir Américo Lourenço e a vice-diretora dra. Célia Martins Campanaro; e o diretor administrativo do Hospital Universitário Asimar Cardoso.

A abertura da programação do HU para a SMAM foi conduzida pela coordenadora do Banco de Leite Humano de Jundiaí, Maristela De Marchi Benassi, que falou sobre o tema deste ano: “Aleitamento Materno: Presente Saudável, Futuro Sustentável”. O tema concentra objetivos traçados por governos ao redor do mundo a serem cumpridos até 20130. “A Semana Mundial da Amamentação 2016 marca um novo começo para trabalharmos juntos e mostrar que podemos alcançar o desenvolvimento sustentável através da promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno”, definiu Maristela.

Na sequência, o diretor executivo da Fundação Dr. Jaime Rodrigues, Flávio José da Silva, falou  sobre a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), idealizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em conjunto com o Fundo das Nações Unidas (UNICEF). O HU integra o grupo de hospitais que promovem a adoção de práticas facilitadoras da amamentação.

 

Conscientização

De acordo com a palestrante Rosana de Divittis, o ato de amamentar não deve ser imposto às mulheres. “É importante que a opção de amamentar o bebê parta da mãe, por isso, é fundamental que os profissionais de saúde possam instruir, dar uma boa orientação e assistência. A mãe irá colocar tudo na balança e com informações conseguirá tomar a melhor decisão. A amamentação tem que ser prazerosa”, ressalta.

Atualmente dados do IBFAN indicam que as mães amamentam exclusivamente seus bebês com leite materno pelo período de 53 dias, quando o ideal são 180 dias. Por esta razão, o trabalho de conscientização e incentivo à amamentação é muito importante. Rosana convidou os participantes a uma reflexão sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que trabalha essencialmente igualdade, ecologia e economia em torno da amamentação.

Segundos informações da ONU (Organização das Nações Unidas), nascem 77 bilhões de bebês ao ano em todo o mundo. Do ponto de vista econômico, se uma mãe faz a opção de não amamentar com o leite materno, uma família brasileira gasta ao mês R$96,80 com leite fluído (caixinha) ou R$308,00 com leite em fórmula (em pó). No período de seis meses, são R$580,80 e R$1.848,00 respectivamente, o que é uma importância significante, especialmente para famílias que sobrevivem com um salário mínimo.

Outro dado importante, que Rosana fez questão de ressaltar é que os bebês não amamentados adoecem cerca de 68 vezes mais que aqueles que são amamentados, o que implica num risco maior de morte. E não é só isso, também envolve questões profissionais da mulher. “As mães que não amamentam, têm um risco maior de perder o emprego, uma vez que o adoecimento frequente do bebê exige que ela falte mais ao trabalho, comprometendo seu desempenho”.

As crianças amamentadas durante os primeiros seis meses de vida, possuem uma melhor capacidade de aprendizado na idade escolar. Consequentemente, terão as melhores oportunidades de cargos e salários quando se tornarem adultos. Segundo Rosana, pesquisas indicam que pessoas que não foram amamentadas na infância têm menores escores em testes de QI e que, se todas as mães optarem por não amamentar, teremos comprometimento no avanço de inovação e tecnologia a longo prazo.

Responsabilidade ecológica

Do ponto de vista ecológico, são gastos cerca de 5 litros de água cada vez que se prepara uma mamadeira com leite fluído ou formulado. Essa água vai para o ralo no processo de limpeza do copo, aro, bico, na esterilização e tudo mais que é preciso para o preparo da refeição láctea. Em um dia, considerando seis mamadas, são 30 litros de água. Ou seja, 10.950 litros de água ao ano para cada bebê. Em termos de energia, são gastos por ano 308Kw/h para armazenamento do leite de cada criança com até seis meses.

O impacto ambiental também é percebido no acúmulo de lixo. A cada ano, no mundo, são descartadas 231 milhões de mamadeiras e 20.610 bilhões de embalagens de leite fluído.

Outro fato abordado na palestra, foi o fato de que 70% do gás metano encontrado na atmosfera é decorrente da criação de gado bovino. Cada vaca emite 140 gramas de gás metano por dia, ou seja, 51,1kg por ano. O metano é emitido por meio do arroto e flatulência dos animais. Lembrando que para a criação de gado, muitas florestas precisam ser desmatadas.

 

Empresas têm papel fundamental

De acordo com Rosana, é importante que as empresas públicas e privadas estimulem suas funcionárias a amamentar. “Este incentivo aumenta a participação das mulheres na empresa e conquista sua fidelização, reduzindo o turnover”, justifica.

E para finalizar, além de todas as justificativas já citadas, Rosana enfatiza o vínculo afetivo que a amamentação gera na relação mãe e filho. “A amamentação ensina o bebê a negociar pacificamente e com afeto cada mamada” diz. “Oferece apoio emocional, dá mais segurança e mais saúde”, complementa.

 

A programação continua

No período da tarde desta segunda-feira, a programação inclui um bate-papo entre mães doadoras e receptoras de leite materno.

Nesta terça-feira, dia 02, acontece a “Hora do conto” na brinquedoteca do HU, destinada às crianças assistidas pela equipe de pediatria. Já no dia 03/08, a partir das 14 horas, será realizado um bingo com as mães da maternidade e no dia 04/08, o encerramento da Semana do Aleitamento Materno.

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