Vítimas de acidentes de trânsito ocupam mais de 50% dos leitos do Hospital Regional de Marabá

Diariamente a colaboradora Elizângela Vieira se desloca de motocicleta para o trabalho. O trajeto de 18 quilômetros, entre ida e volta, requer total atenção dela que, há cinco anos, foi vítima de um acidente quando voltava para casa depois de um aniversário. Na época, ela ainda não possuía moto e, por conta do acidente, demorou a optar por esse tipo de transporte para se deslocar para o Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá (PA), onde trabalha como secretária. Mas a praticidade e o consumo econômico do veículo a fizeram mudar de ideia.

Atento ao crescente número de colaboradores que, como Elizângela, utilizam motocicletas para se locomover, nesta terça-feira (26), o HRSP promoveu uma palestra sobre prevenção de acidentes com o veículo, reforçando a importância da atenção e do respeito à sinalização no trânsito. O bate-papo integrou a 8ª Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT), que será realizada até a próxima sexta-feira (29).

A fim de conscientizar o público sobre esses riscos, a coordenadora de Humanização do Hospital Regional de Marabá, Karla Luz, comentou sobre o atendimento a vítimas de acidente de trânsito na unidade, referência em traumato-ortopedia para 22 municípios paraenses. De janeiro a março de 2016, 57% dos pacientes internados na unidade eram vítimas de acidentes de trânsito, o equivalente a 457 pessoas, a maioria motociclistas. Nesse período, o custo médio de cada paciente para o Estado foi de R$ 15 mil.

Para o diretor Geral do HRSP, Valdemir Girato, esses números podem ser reduzidos se a população tiver consciência sobre seu papel no trânsito e, consequentemente, o recurso público poderia atender pacientes com outras demandas da média e alta complexidades. “No Hospital Regional, a cada dez pacientes internados, seis são vítimas de acidente. Isso pode ser evitado com responsabilidade e atenção no trânsito. Daí a necessidade de se trabalhar com ações preventivas. Além disso, o leito ocupado por uma vítima de acidente poderia atender uma pessoa que deixou de fazer uma cirurgia eletiva e, se não for tratada a doença, pode se tornar uma cirurgia de emergência”, argumentou o administrador.

 

Consequências

Eusébio Lopes, de 39 anos, está internado no Hospital Regional de Marabá há mais de 40 dias. O acidente aconteceu há oito meses, mas, por conta da gravidade, até hoje ele não se recuperou. Na última segunda-feira (25), o motoboy foi submetido a uma intervenção cirúrgica, a segunda desde o dia do acidente. “Estou sem trabalhar faz quase oito meses. Não estou podendo ter uma vida normal e não sei nem o que vai acontecer, porque ainda em tratamento. Só o futuro vai me dizer se vou poder continuar sendo motoboy ou não”, conta Eusébio, que é apaixonado pela profissão que exerce há 20 anos.

As consequências dos acidentes, não apenas a física, foi um dos tópicos abordados pela enfermeira Karla Luz durante a palestra para os colaboradores do Hospital Regional de Marabá. “Um acidente de trânsito pode provocar desequilíbrio emocional, deficiência física e problemas sociais para a vítima”, disse. Ela lembrou que há casos também em que o paciente fica paraplégico ou tetraplégico e que, em situações mais graves, é necessária a amputação de membro. 

 

SIPAT

A 8ª Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho continua até a próxima sexta-feira (29). Dentre os temas já discutidos com os colaboradores estão acidentes com materiais perfurocortantes, doenças sexualmente transmissíveis e saúde e bem-estar no ambiente de trabalho. Nesta quinta-feira (28) acontecerá um bate-papo sobre primeiros socorros e outro sobre combate a princípio de incêndio.

A Semana Interna de Prevenção de Acidente de Trabalho é voltada para colaboradores e prestadores de serviço e tem como objetivo conscientizá-los sobre a importância da prevenção para evitar situações inseguras no trabalho.  

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