Hospital Regional de Santarém supera marca de 100 órgãos e tecidos captados

Desde 2012, o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém (PA), realiza captação de órgãos e tecidos. E, ao longo desse período, foram realizadas 23 captações, com 102 órgãos e tecidos coletados. Como consequência, o Hospital implantou o Programa de Transplante Renal, em novembro de 2016, já tendo realizado 30 transplantes até a primeira quinzena de setembro de 2018. O número é expressivo para uma unidade de saúde pública localizada no interior da Amazônia.

Desses 30 procedimentos, 24 foram realizados na modalidade intervivos, quando o receptor tem um familiar compatível e recebe dele o órgão. As outras seis cirurgias foram a partir de doadores falecidos. E é nesse segmento de transplante que o HRBA quer avançar. “Potencial doador não falta, infelizmente temos muitos acidentes de trânsito e outras causas que levam à morte cerebral. O que nos falta é as famílias aceitarem as doações. As pessoas precisam entender a importância do gesto, saber que os órgãos dos entes queridos vão poder salvar muitas vidas”, esclarece o responsável técnico pelo Programa de Transplantes do HRBA, nefrologista Emanuel Esposito.

Os números retratam a fala do médico. De 2012 a setembro de 2018, foram identificados 162 potenciais doadores, mas apenas 23 se transformaram em doações, ou seja, menos de 15%. O principal motivo continua sendo a recusa familiar. E é nesse ponto que a Organização à Procura de Órgãos (OPO) do HRBA tem intensificado o trabalho. A equipe multiprofissional desenvolve um trabalho permanente de orientação à população sobre como funciona o processo de doação de órgãos e a importância que o gesto tem para a própria sociedade. Só pode haver doação, se a família autorizar.

“A doação de órgãos é um ato de amor, de solidariedade com o próximo, porque permite que várias pessoas com doenças crônicas possam sair dessa situação. A OPO tem o papel de estimular e organizar a doação. Também tiramos as dúvidas das pessoas sobre o assunto. Hoje, por exemplo, já notamos uma mudança. As famílias, por já terem ouvido falar do assunto e saberem da importância que tem, abordam os profissionais, quando um familiar falece, para querer doar os órgãos”, afirma o coordenador da OPO do HRBA, cardiologista Antônio Carlos.

Cada doação pode beneficiar até dez pessoas, pois são vários os órgãos e tecidos que podem ser aproveitados, como coração, pulmão, fígado, pâncreas, rim, córnea, pele e ossos. O processo de captação e transplante precisa funcionar em perfeita sincronia, já que é uma corrida contra o tempo, a partir do momento em que se tem a confirmação de morte encefálica.

Quem já passou pelo transplante, comemora a saída das máquinas de hemodiálise. Como é o caso de Mariane Nobre, de 35 anos, em quem foi realizado o primeiro transplante de rim, com doador falecido, em um município no interior da Amazônia. “Quando me ligaram para informar sobre o transplante, eu aceitei na hora. Foi a maior comemoração lá em casa!”, conta.

O procedimento aconteceu em maio de 2018 e hoje ela já consegue ter uma vida com muito mais qualidade. “Transplante é o sonho do melhor tratamento. Não é a cura completa, mas é o que permite ao paciente a voltar a ter uma vida muito próxima do normal, com qualidade”, explica Esposito.

 

Hospital

O Hospital Regional do Baixo Amazonas é um estabelecimento de saúde especializado em casos de média e alta complexidades, reconhecido como um dos dez melhores hospitais públicos do Brasil, sendo referência para uma população de 1,1 milhão de pessoas residentes em 21 municípios do Oeste do Pará. A instituição é certificada pela Organização Nacional de Acreditação com o nível máximo de qualidade, a ONA 3 – Acreditado com Excelência.

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