Estimulação precoce ajuda no desenvolvimento de prematuros no HRSP

De acordo com o Ministério da Saúde, a cada hora, uma criança nasce antes das 37 semanas de gestação no Pará, o equivalente a 12% dos partos realizados no estado do Pará. Dentre as possíveis consequências da prematuridade, estão o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor destes bebês e a demora para alcançar marcos como rolar, sentar e levantar. A boa notícia é que, quando estimulados precocemente, eles podem acelerar essas etapas e ter mais qualidade de vida. 

O Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso  (HRSP), gerido pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, é o único do sudeste do Pará a disponibilizar o serviço de estimulação precoce pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O atendimento é realizado sob a supervisão da equipe de Terapia Ocupacional da Unidade, ajudando, além das crianças prematuras, aquelas que tiveram complicações no parto, como é o caso de Anthonny, que nasceu com hidrocefalia e, há oito meses, participa do grupo duas vezes por semana.

“Eu descobri que ele tinha essa anomalia no dia do parto. Foi um desespero, porque imaginava que ele não seria como as outras crianças. É certo que a hidrocefalia provoca um atraso no desenvolvimento, mas ele tem evoluído a cada dia. Hoje ele é elétrico e já está quase sentando sozinho”, conta a mãe do Anthonny, Larissa Fernandes, uma das mais antigas no grupo. 

Segundo a pediatra Mara Freitas, que atende na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do HRSP, quanto mais cedo forem estimuladas as habilidades do bebê, melhor será o seu desenvolvimento e até a sua interação social. “A gente percebe que o bebê que faz a estimulação precoce acaba tendo um desenvolvimento muito mais significativo do que aquelas crianças que não vão para a estimulação ou que a fazem tardiamente”, explica a médica. 

Nos prematuros, a estimulação precoce tenta acelerar a aquisição motora considerando suas idades cronológica e corrigida e, no caso das crianças com complicações do parto, busca desenvolver a plasticidade cerebral, o que faz com que consigam realizar atividades que seriam comandadas pela área lesionada do cérebro. 

 

Vivência compartilhadas

O atendimento em grupo também beneficia as mães, que passam a compartilhar suas histórias e a terem uma percepção diferenciada sobre o futuro dos filhos. Karynne dos Reis é um exemplo disso. Há poucos meses, a filha adotiva foi encaminhada para as sessões na Unidade.

“A Maria Eduarda é prematura e, depois de nascida, teve um acidente vascular cerebral (AVC). Tudo isso impactou no desenvolvimento dela. No início, eu tinha dó e, ao mesmo tempo, medo de não conseguir fazer com que ela desenvolvesse. Então, muitas vezes eu tentei desanimar, mas, graças a Deus, ao ver a evolução dos outros bebês e histórias que até são mais complicadas que a da minha filha, eu tive força e até hoje estou aqui. Eu não esperava encontrar esse tipo de atendimento no SUS”, comentou ela.

 

Exercícios contínuos

Segundo a terapeuta ocupacional Sarah Santos, durante as sessões, são trabalhadas mudanças posturais, sensações e percepções visuais e auditivas dos pacientes, de forma que as mães ou outro acompanhante possam reproduzir os mesmos exercícios em casa. 

“O bebê que tem uma mãe mais preparada para auxiliá-lo no estímulo precoce, vai apresentar uma melhora de forma mais positiva do que uma criança que passou pelo mesmo processo, mas não tem uma estimulação mais contínua, ou seja, que não tem um cuidado mais específico no período pós-alta hospitalar em relação à terapia”, explicou Sarah. a

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