Agência Pará – Projetos humanizados trazem melhorias ao paciente e ao ambiente hospitalar

 

 

 

O pequeno Guilherme Silva Santos é um dos muitos pacientes da ala oncológica infantil do Hospital Ophir Loyola, onde está internado há um ano por conta de uma leucemia. Em razão da doença e do longo período que o tratamento requer, ele e a mãe precisaram deixar a cidade natal, Parauapebas, para viver em Belém. Aluno da terceira série do Ensino Fundamental na Escola Municipal Primavera, Guilherme teve que se ausentar do colégio, mas graças ao Projeto Prosseguir, fruto de uma parceria entre as Secretarias de Estado de Educação (Seduc) e Saúde (Sespa), ele não precisou interromper os estudos. 

“Quando eu cheguei aqui uma das minhas primeiras preocupações foi em relação aos estudos do meu filho, se ele poderia continuar indo pra aula, pois a partir de agora nossa vida é aqui, no hospital”, lembra Celisvane Silva, mãe de Guilherme.

Pioneiro em classe hospitalar no Pará e consolidado a partir de 2003, o Programa Prosseguir constitui uma modalidade de educação voltada para as pessoas que, em razão de problemas de saúde que as imponha um tratamento prolongado, precisam manter a continuidade do processo ensino-aprendizagem, especialmente crianças e jovens. Ele proporciona condições para o resgate da autoestima, minimiza suas perdas sociais, psicológicas e cognitivas e integra paciente, família e escola

Cerca de 125 pacientes são atendidos por mês nas classes do Prosseguir, que disponibliza aulas em todas as disciplinas para alunos do ensino Infantil, Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

À frente do projeto desde sua implantação, o professor e médico Walgner Tarcísio ressalta, com base em comprovações científicas, que a realização de atividades voltadas ao lazer, entretenimento e educação em hospitas acarretam a melhoria do tratamento clínico, aumentando as chances de recuperação e cura. “Essa ferramenta busca inserir os pacientes e seus acompanhantes ao ambiente hospitalar sem deixar um clima pesado e hostil. Além disso, ajudam a reduzir o tempo de internação, o estresse e ajudam a reproduzir a rotina normal da criança.”

Implantada também de 2003, a Política Nacional de Humanização (PNH) prevê práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários. Ela busca transformar as relações de trabalho e construir, de forma compartilhada, planos de ação para promover e disseminar inovações nos modos de fazer saúde.

Seguindo estas orientações, o Hospital Público Estadual Galileu, assim como o Ophir Loyola, criou uma série de atividades voltadas à melhoria da qualidade de vida dos servidores e dos usuários. Saulo Mengarda, diretor geral do Galileu, explica que essas atividades contribuem significativamente para a elevação da autoestima do paciente, fazendo com que eles respondam melhor ao tratamento. “Os acompanhantes também são orientados e inseridos nas ações. Pois, o pós tratamento hospitalar é tão importante quanto o período que eles passam internados”, diz Saulo.

No Hospital Galileu, por exemplo, os pacientes tem à disposição, a cada 15 dias, sessões de cinema. Com tudo o que um bom filme pede (isso inclui suco, refrigerante e pipoca, dependendo da dieta estabelecida a cada um), qualquer pessoa que esteja nas dependências do hospital pode participar deste momento de confraternização. “A ideia é proporcionar lazer, terapia. É fazer com que o paciente se sinta acolhido. Aqui, eles mesmos que escolhem o filme que querem assistir”, conta Sandro Mendes, coordenador do Serviço de Atendimento ao Usuário.  

A Santa Casa de Misericórdia do Pará tem, desde 2008, uma gerência de gestão de pessoas responsável por criar e executar projetos de humanização com base na referência técnica do Ministério da Saúde. A coordenadora de humanização e terapeuta ocupacional Clévia Dantas diz que as ações buscam imprimir um novo conceito ao ambiente hospitalar. Além de beneficiar os internos, os projetos acabam ajudando também os colaboradores e funcionários, incentivando-os a adotarem atitudes baseadas no diálogo, respeito e solidariedade.

Rosângela Monteiro, presidente da Santa Casa, enfatiza que a instituição foi a primeira da região Norte a aderir à Política Nacional de Humanização. “Um exemplo disso é a utilização da cadeira de rodas para o transporte do paciente até o centro cirúrgico, quando o caso não exige maca. Com esta atitude aparentemente simples conseguimos deixar o paciente mais à vontade, reduzindo o medo e a tensão”, pontua.

A convivência diária com os pacientes da Clínica Pediátrica e do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência foi o fator que motivou a equipe da unidade a buscar meios de levar alegria e acolhimento aos pequeninos por intermédio de ações como o projeto Meu Amigo Herói.

Realizado nas dependências do CTQ, o projeto tem como objetivo amenizar os traumas do tratamento hospitalar, assim como desmistificar a ideia de que o profissional de saúde é indiferente ao problema dos pacientes. As ações ajudam a amenizar os quadros de  tristeza e depressão causados pelo trauma de quem passou por um acidente, além de reduzir a percepção do tempo de espera e a ansiedade.

Vestidos como personagens das histórias em quadrinhos, no papel da Mulher Maravilha ou da “Super Homa” (apelido atribuído à versão feminina do Super Homem pelo pequeno Adriel Aleixo), os colaboradores da Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar promovem momentos de recreação, lazer e diversão às crianças internadas no hospital. Para isso, eles contam com a colaboração de parceiros, como os integrantes do Studio Levitá, que  fizeram uma performance de dança na última ação.

A ideia do hospital, segundo a coordenadora de Humanização Roberta Cardins, é promover o riso usando a terapia do carinho no processo de recuperação dos pacientes. “Acreditamos que o amor é o principal remédio para que nossos pacientes se recuperem e possam voltar para casa livres do peso que um tratamento prolongado de saúde impinge ao paciente”, detalhou.

Luana Monteiro acompanha o filho Lucas, que está internado no Metropolitano. Para ela, o trabalho do grupo de humanização é muito bom para animar as crianças. “Todos os hospitais deveriam ter programações como essa”, reforça Luana.

Filho dela, Lucas Willian Monteiro, assistiu a última apresentação e conta que gostou muito da dança. Mas a melhor parte, segundo ele, foram as brincadeiras e os presentes. “As tias são muito legais”, conta o menino.

As mães Francinete Reis e Eliege Barbosa também ficaram surpresas com o trabalho do grupo de humanização. Elas aprovaram a iniciativa do Hospital Metropolitano e declararam que o ambiente ficou muito mais divertido. “Nossas crianças ficam felizes com essas ações. Ajuda muito no tratamento”, comentou Eliege Barbosa.

 

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